segunda-feira, 31 de julho de 2023

85 anos da morte de Lampião

As cabeças dos cangaceiros mortos no ataque surpresa a grota do Angico, Foto colorizada por Sérgio Roberto.

No ultimo dia 28 de Julho de 2023 foi marcado os 85 anos da morte do maior expoente da história do cangaço nordestino... Foi numa manhã de chuva fina que a volante sorrateira liderada pelo tenente João Bezerra chegou para dar fim a Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o vacilo do rei do cangaço foi fatal, outra chuva deu lugar ao cenário naquele local denominado Grota do Angico, onde Lampião e seus asseclas estavam acoitados, era a chuva de balas que vitimou não só Lampião, neste infortúnio, além de Virgulino, morreram sua companheira Maria Bonita e outros nove cangaceiros. 

Os que tiveram tempo de correr escaparam, ao final da rajada de balas, a carnificina foi ainda mais requintada, os corpos que tombaram, tiveram suas cabeças cortadas e expostas em público como troféu pelo feito. 

Da volante de João Bezerra apenas uma baixa, um soldade por nome Adrião...

Do grupo de Lampião tombaram os seguintes integrantes:

Virgulino Ferreira da Silva o Lampião, Maria Gomes de Oliveira (c. 1911 – 1938), conhecida como Maria Bonita, e os cangaceiros Alecrim, Colchete, Elétrico, Enedina, Luiz Pedro, Macela, Mergulhão, Moeda e Quinta-feira. Foram todos decapitados. Ha 85 anos...

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Lei Paulo Gustavo tem adesão de todos estados e 98% dos municípios

 

Alexandre Santini e a Ministra da Cultura Margareth Menezes em visita de trabalho à Fundação Casa de Rui Barbosa. Foto: Reprodução Redes Sociais

Os investimentos no setor cultural são de R$ 3,8 bilhões; o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, celebra: “uma vitória do sistema nacional de cultura”

Por Murilo da Silva

No Portal Vermelho

Na quarta-feira (12), o Ministério da Cultura (MinC) comunicou que todos os estados e 98% dos municípios enviaram planos de ação para receber recursos por meio da Lei Paulo Gustavo.

O governo federal irá repassar R$ 3,8 bilhões para o setor cultural (R$ 2 bilhões aos estados e R$ 1,8 bilhão aos municípios) pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e do Fundo Nacional de Cultura (FNC). 

O presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, comentou a notícia para o Portal Vermelho.

“Em uma conquista histórica para a cultura brasileira, a Lei Paulo Gustavo obteve a adesão de 100% dos estados e 98% dos municípios brasileiros, que inscreveram seus planos de ação para executar, através de editais e chamadas públicas, cerca de R$ 3,8 bilhões de reais, sendo aproximadamente 70% dos recursos para produção audiovisual, e 30% em fomento às demais áreas culturais”, falou o gestor da Fundação do Ministério da Cultura (MinC).

A Lei Paulo Gustavo foi construída no contexto da pandemia e inspirada na Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc e representa o maior investimento público direto na história das políticas culturais brasileiras.

“O grande desafio agora é fazer esse recurso chegar na ponta, nos fazedores e fazedoras de cultura em todo o país, para que o setor da cultura possa se recuperar dos efeitos da pandemia e desenvolver projetos nas mais diversas áreas:  audiovisual, patrimônio cultural e memória, fomento às artes, cidadania e diversidade, formação artística e cultural, livro e leitura, economia criativa, entre outras”, afirma.

Santini explica que a conquista da Lei Paulo Gustavo é “uma vitória do sistema nacional de cultura” que se dá no contexto da recriação do MinC e de reconstrução das políticas culturais no país. Neste ponto ressalta que a implementação da Lei só tem sido possível graças ao esforço e mobilização das Secretarias estaduais e municipais de Cultura, artistas, agentes culturais e trabalhadores e trabalhadoras da cultura.

“Agora é garantir a execução plena dos recursos, com acompanhamento, monitoramento e controle social, em uma estratégia permanente de comunicação e cooperação colaborativa, para que este recurso chegue na ponta de forma transparente e democrática, beneficiando a quem mais precisa”, completa o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Racismo amplia risco de mortalidade materna

 


Análise diz que elas têm 1,6 vezes mais chances de morrer durante parto em países como Brasil e Colômbia; agência alerta para maus-tratos no setor de saúde

Por Redação

Via – Portal Vermelho

Mulheres e meninas afrodescendentes nas Américas enfrentam um risco desproporcionalmente alto de mortalidade durante o parto, de acordo com o relatório recente do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa). Países como Brasil e Colômbia apresentam uma probabilidade 1,6 vezes maior, enquanto nos Estados Unidos essa taxa é ainda mais alarmante, com mulheres negras enfrentando três vezes mais riscos durante o parto ou nas seis semanas seguintes.No Suriname, a taxa é 2,5 vezes maior.

O relatório destaca a conduta e os maus-tratos enfrentados por mulheres e meninas afrodescendentes no setor de saúde. Esses maus-tratos incluem abuso verbal e físico, negação de atendimento de qualidade e recusa de alívio da dor. Essa realidade resulta em complicações crescentes durante a gravidez, atrasadas e, muitas vezes, morte.

A coleta de dados também é problemática, com apenas 11 dos 35 países das Américas coletando informações discriminadas por raça. Apenas um terço dos 32 planos nacionais de saúde pesquisados ​​identificaram os afrodescendentes como uma população que enfrenta barreiras à saúde. Além disso, apenas quatro países coletam dados de mortalidade materna comparáveis ​​globalmente, discriminados por raça.

A diretora executiva do Unfpa, Natalia Kanem, ressalta que o racismo continua sendo um flagelo para mulheres e meninas negras nas Américas, muitas das quais são descendentes de vítimas de escravidão. Elas enfrentaram abuso e maus-tratos, enquanto suas necessidades não são levadas a sério, resultaram na destruição de suas famílias pela morte inevitável durante o parto. Kanem enfatiza que a justiça e a igualdade só serão alcançadas quando os sistemas de saúde atenderem a essas mulheres, fornecendo cuidados respeitosos e compassivos.

Ação urgente e conscientização são necessárias para enfrentar os desafios enfrentados pelas mulheres afrodescendentes e garantir que todas as gestações e partos sejam seguros e saudáveis, independentemente da origem étnico-racial. O relatório do Unfpa exige a implementação de políticas para acabar com o abuso físico e verbal nos hospitais, bem como a coleta e análise de dados robustos de saúde discriminados por raça e etnia. Além disso, é fundamental combater a ideologia racista nos currículos de treinamento médico.

A atenção aos cuidados maternos de qualidade é um direito fundamental que deve ser garantido a todas as mulheres, independentemente de sua origem étnica. Somente quando os sistemas de saúde se voltarem para atender às necessidades das mulheres afrodescendentes e fornecerem tratamento respeitoso, poderão alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.

Com agências

Edição: Bárbara Luz

terça-feira, 18 de julho de 2023

Flip 2023 acontece em novembro e homenageia Patrícia Galvão, a Pagu

 


21º Festa Literária de Paraty acontece entre os dias 22 e 26 de novembro; evento que acontece desde 2003 voltou no ano passado após duas edições virtuais por conta da pandemia

Por Bárbara Luz

Via – Portal Vermelho

A Flip – Festa Literária Internacional de Paraty confirmou as datas de sua aguardada edição de 2023. A 21º edição do festival acontece de 22 a 26 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro, marcando o retorno aos eventos presenciais após duas edições virtuais. A notícia foi recebida com grande entusiasmo pelo público, que lotou os auditórios do Programa Principal durante a edição de 2022. Um dos nomes mais esperados da programação era a da escritora francesa Annie Ernaux, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2022.

O diretor artístico da Festa, Mauro Munhoz, enfatizou a importância de ocupar as férias de inverno, período que antes era considerado baixa temporada em Paraty. Com a normalização das regras para o fomento cultural e políticas públicas voltadas ao setor, há perspectivas de um plano plurianual para as próximas edições, atendendo assim às demandas do público.

Autora homenageada: Pagu

Um dos destaques da Flip 2023 será uma homenagem à icônica escritora Pagu, figura fundamental no cenário literário e artístico brasileiro. Pagu, cujo nome verdadeiro era Patrícia Rehder Galvão, foi uma mulher multifacetada: jornalista, dramaturga, poeta, tradutora, cartunista e crítica cultural. Sua obra atravessou fronteiras e desafiou convenções, retratando diversas mulheres brasileiras em suas múltiplas linguagens.

Publicou os romances “Parque Industrial” em 1933 sob o pseudônimo de Mara Lobo, seguindo a orientação do Partido Comunista. É considerado o primeiro romance proletário do Brasil. Ela também colaborou com Geraldo Ferraz em “A Famosa Revista”, publicada em 1945. Sob o pseudônimo de King Shelter, ela lançou várias histórias policiais, posteriormente compiladas no volume “Safra Macabra”.

A autora, que atuou ainda nos movimentos modernista e feminista, sentiu incompreensão e repulsa ao longo de sua trajetória artística. No entanto, sua produção inspira reflexões que ultrapassam os limites da razão, convidando-nos a decifrar seu legado por meio de pistas estéticas deixadas em suas obras. Pagu foi uma voz passiva em uma época repleta de interdições, sofrendo prisões, uma delas tendo passado 4 anos na prisão onde enfrentou

torturas físicas e psicológicas, e lutando incansavelmente contra as regras e a ordem cerceadora – mesmo que algumas vezes de maneira incompreensível para os seus contemporâneos.

Sua obra abrange uma variedade de gêneros, incluindo romances, contos de espera e traduções de grandes autores internacionais. Pagu também deixou seu legado na luta contra o fascismo e na introdução da cultura de soja no Brasil. Sua figura política e seus engajamentos têm sido abraçados por diversos grupos sociais que veem nela um símbolo de resistência e força feminina.

A Flip 2023 promete ser uma oportunidade de mergulhar nas paisagens literárias de Pagu e de explorar as linguagens múltiplas que ela dominava. Além das mesas literárias, o evento contará com performances artísticas, shows e exibições de cinema, proporcionando uma experiência cultural enriquecedora para moradores, visitantes, escritores e artistas.

Sobre a FLIP

A Flip tem sido um marco no calendário cultural brasileiro desde sua primeira edição, em 2003, e se destaca por apresentar novas possibilidades de ocupação dos espaços públicos, promovendo uma troca entre aqueles que transitam e aqueles que vivem no território de Paraty. Além de enriquecer a vida cultural da cidade, o evento também impulsionou a economia local, com um retorno financeiro significativo.

Com sua trajetória consolidada, a Flip 2023 se prepara para mais uma edição de sucesso, celebrando a literatura e proporcionando um encontro único entre escritores, artistas e público. É uma oportunidade de celebrar o legado de Pagu e de explorar as fronteiras da criação literária, mergulhando em um universo de ideias e histórias que transcendem o tempo e as limitações impostas pela sociedade.

Para saber mais, acesse: https://www.flip.org.br/

Com informações da Flip.org

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Grande Rio e Salgueiro levam à avenida enredos indígenas em 2024

 


Mito da tupinambá criação do mundo e floresta yanomami são os temas que as duas agremiações vão apresentar no desfile.

Por Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

No Portal vermelho

A Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, que escolheu para 2024 contar a história do mito tupinambá, vai questionar como o Brasil se identifica com os povos originários de seu território. O enredo Nosso Destino É ser Onça,  dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que começaram a pesquisar o tema em 2016. Segundo Haddad, o enredo vem sendo maturado ao longo desse tempo, desde que conheceram o livro Meu Destino É Ser Onça, do escritor Alberto Mussa. A escolha só ocorreu após uma conversa com o autor para que em 2024 fosse a história a ser contada pela agremiação no Sambódromo.

Para Haddad, é natural que carnavalescos tenham ideias de enredos que só serão desenvolvidos pelas escolas um tempo depois. “Isso acontece com todos os carnavalescos, todo mundo tem a sua caixinha, ou sua gaveta, com enredos que a gente vai guardando e entendendo o melhor momento. Nós já passamos pela Cubango [escola de Niterói], chegamos na Grande Rio e aí fomos entendendo o momento de cada enredo na escola. A Grande Rio é uma escola que já cantou diversas vezes temas ligados aos povos indígenas, e a gente achou importante agora trazer esse desenvolvimento para a escola”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

“A onça guia todo o enredo. A gente começa com o mito tupinambá de criação do mundo, que está presente no livro e, a partir daí, amplia para mostrar um pouco mais de Brasil. Na verdade, para os tupinambá, a onça tem um significado muito importante, porque é a criadora do mundo. É o próprio velho que cria o mundo. Para os tupinambá, a pessoa se transformar e se sentir onça é ser o pajé, o xamã mais poderoso daquela região”, disse Haddad. Segundo ele, a partir deste princípio, serão mostrados também os deuses dos astecas, maias e incas e, no Brasil, o pajé-onça do povo baniwa [na fronteira com a Colômbia e a Venezuela] que é o considerado de maior espiritualidade.

A Grande Rio vai levar ainda para a avenida rituais de cura para alguns povos indígenas, de caça, de xamanismo, que traduzem maior desenvolvimento espiritual, de encantarias do Nordeste e do Norte do Brasil, pajelança, histórias de povos ribeirinhos. “Vai contar o início do mundo por intermédio da onça, e agora a onça, na contemporaneidade, expressa um poder de luta, de força muito grande. A onça hoje é símbolo de algumas associações de travestis, símbolo de pinturas para ressignificar a ideia de selvagem. A força que a onça traz, enquanto

animal, é também um símbolo de luta hoje em dia para os povos indígenas”, acrescentou Haddad.

O carnavalesco disse que a onça aparece no Brasil atual nas lutas como a de demarcação das terras indígenas e pela valorização do povo LGBTQIA+. “São essas frentes que precisam estar unidas que vamos trazer no final do nosso desfile”.

Haddad disse que o escritor Alberto Mussa, autor do livro que deu origem ao enredo da Grande Rio, ficou feliz ao receber essa notícia e está acompanhando de perto tudo que está sendo desenvolvido. “A gente tem se encontrado, e ele entende o que a gente vai trazer além do livro. Está sendo uma experiência muito bacana”, afirmou Haddad, que tem esperança de que Mussa desfile com a escola.

Público

A verde, vermelho e branco de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quer envolver o público na Marquês de Sapucaí, como fez em 2022, quando com o enredo Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu, foi campeã pela primeira vez no Grupo Especial das escolas de samba do Rio.

“É um enredo desafiador, porque ele não começa há 500 anos, mas há 11 mil, 22 mil anos, o que, no tempo mítico, nos leva a essa simbologia da onça. Essa força da onça encantada, entidade, divindade, que vai devorando culturas, que vai devorando todos nós. É mais um enredo que vai propor, de maneira poética, esse debate na avenida sobre quem é o brasileiro, quem somos nós aqui nessa terra indígena, que é tão múltipla. Acredito que o público vai se identificar bastante, porque o signo onça está presente no nosso dia a dia. O público, com certeza, vai se surpreender mais uma vez com a escola de Caxias”, disse Leonardo Bora à Agência  Brasil.

A Grande Rio vai brigar pelo título, afirmou o carnavalesco, ao lembrar que os componentes ganham fôlego extra por a escola ter sido campeã recentemente e, por isso, querer ficar em primeiro lugar mais uma vez. “Ganha um desejo a mais de continuar esse grande sonho coletivo, que foi a conquista do campeonato com o enredo sobre Exu.”

Samba

Os sambas inscritos serão recebidos pela escola no dia 24 deste mês, e as quatro eliminatórias da disputa na quadra estão marcada para os dias 12, 19 e 30 de setembro e a final, em 7 de outubro. Pelo que tem notado até agora, Leonardo Bora diz que os compositores estão seguindo bem na linha do que ele e o Gabriel queriam para a escola.

“Sim. É um enredo muito vasto, que tem esse teor lendário e essa narrativa que passa por diferentes visões de Brasil e de mundo. As parcerias estão viajando nisso, e mais uma vez tenho certeza de que vamos ter uma safra marcada pela diversidade, o que, para a gente, é muito importante”, completou, destacando que é a diversidade que vai tornar a disputa tão rica.

Barracão

As alegorias de 2023 foram desmontadas e as ferragens de três já começaram. Os carnavalescos estão na fase de desenho dos protótipos das fantasias. De acordo com Haddad este tem sido um ano em que a dupla está conseguindo adiantar o trabalho. “O carnaval é no início de fevereiro, a gente não pode dar mole”, completou.

Salgueiro

Outra escola tradicional, Salgueiro, quer fazer em 2024 um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. A escola vai levar para a avenida o enredo Hutukara, que significa a floresta construída dos yanomami. Apesar das atrocidades sofridas pela etnia terem sido divulgadas com maior destaque mais recentemente, o carnavalesco Edson Pereira, autor do projeto do carnaval do ano que vem, disse que a escolha do enredo não se deu por causa da situação atual da etnia.

“Foi um acaso mesmo, porque eu comecei a trabalhar esse enredo em setembro do ano passado e aí, já em dezembro, começou essa questão que veio aflorar na mídia. Era um enredo pertinente bem antes disso”, ressaltou o carnavalesco, em entrevista à Agência Brasil.

Edson revelou que o enredo é baseado no livro A Queda do Céu, de Davi Kopenawa, xamã e líder político do povo yanomami, para mostrar “o quanto é necessário entender que, antes do Brasil ser império, antes de existir a coroa, já existia o cocar”, que é o ponto de partida do que a escola vai apresentar na avenida.

“Temos uma dívida com os povos originários, não é só com os yanomami. Claro, a gente tem uma dívida com os yanomami, mas a gente fala também de todos os povos originários do Brasil. Esses povos lutam por uma causa não só de subsistência. Eles falam que não comem o que a gente acha ser o mais precioso, que é o ouro, o diamante, as pedras preciosas, os minérios. Eles não sobrevivem disso e, sim, da natureza e lutam pela preservação dessa natureza”, contou, acrescentando, que, por isso, o Brasil passou a ser o foco do mundo.

Mas o Salgueiro não vai ficar apenas na parte das dificuldades do povo yanomami, vai mostrar também o lado positivo da etnia. “É até um pedido do Davi Kopenawa e do Instituto Moreira Salles: que a gente mostre mais essa parte feliz, do que essa parte agressiva deles, que tentam passar, e não é verdade. Também a parte do lamento não cabe no carnaval, mas é necessária como um alerta. A gente vai ter, sim, esse alerta, mas sem a questão da dor e do lamento. Vamos mostrar uma realidade muito pertinente”, adiantou.

“Os povos originários querem ser representados, mas com felicidade também”, acrescentou.

De acordo com Edson, a comunidade salgueirense recebeu muito bem o enredo, até porque faz tempo que a escola não fala sobre indígenas. “O Salgueiro é conhecido como uma escola ligada aos temas de origem africana, mas a gente quer dar uma cambalhota em tudo isso, quer virar esse jogo.”

“O Salgueiro, enquanto escola de samba, tem obrigação de falar em todas as culturas a que a gente tem acesso. A comunidade está muito feliz”, observou.

Samba

Com base a sinopse escrita pelo ‘enredista’ Igor Ricardo, um texto explicativo do enredo divulgado pelas escolas, os compositores estão na fase de criação de sambas, que vão começar a ser selecionados em disputa na quadra em agosto.

“Provavelmente teremos mais de 30 sambas [concorrendo]. Teremos um grande problema, porque já vimos obras lindas. É um problema bom de se passar. A gente está muito feliz porque eles entenderam muito bem a proposta que queremos passar com este enredo. Acreditamos que é o caminho certo”, afirmou Edson, destacando que a participação do samba para o resultado de uma escola é de mais de 50%.

“Estamos aguardando uma disputa bem difícil. Essa é a expectativa”, acrescentou.

Barracão

Segundo o carnavalesco do Salgueiro, o cronograma de preparação dos desfiles está adiantado, tanto que os protótipos, que são os desenhos das fantasias, estão prontos há quase um mês. “A gente já está em um processo de compra de material e de execução de algumas fantasias. As alegorias também já estão desenhadas e em um processo de compra de material. É um processo bem diferente dos últimos anos”, concluiu.

terça-feira, 11 de julho de 2023

Rede de museus sociais une história e resistência

 


Redefinindo o conceito de museu, iniciativas de museologia social resgatam histórias de luta, violência e superação das comunidades marginalizadas do Rio de Janeiro.

No Portal Vermelho

Um novo conceito de museu está ganhando força no Rio de Janeiro, proporcionando uma perspectiva mais inclusiva e participativa. A Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro, que comemora 10 anos em 2023, é composta por diversos museus comunitários, incluindo o Museu de Favela (MUF), o Museu das Remoções e os museus da Maré, Sankofa da Rocinha, do Horto, o da Arte e da Cultura Urbana e o Ecomuseu Rural de Barra Alegre. Essas instituições buscam romper com a distância entre os museus tradicionais e as comunidades que representam, oferecendo uma experiência de primeira pessoa, onde as próprias comunidades contam suas histórias.

O MUF é uma organização não governamental (ONG) fundada em 2008 por lideranças culturais moradoras das favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, situadas na fronteira entre os bairros Ipanema, Copacabana e Lagoa, na zona sul da Cidade do Rio de Janeiro. Como ruas e becos recebiam visitas frequentes de turistas, eles resolveram contar a história das comunidades por meio de grafites nos muros das casas.

Com curadoria do artista Acme, pintaram os muros e inauguraram em 2010 o Circuito das Casas-Tela: uma visita guiada, com duração de até três horas, que inclui a observação e de 27 moradias, representando o modo de vida e as lutas enfrentadas pelos moradores ao longo dos anos. Da falta de abastecimento de água à proibição de construção de casas de alvenaria, os grafites retratam os desafios enfrentados e as memórias do passado.

O propósito dessas expressões artísticas é contar a saga, a memória, a história das favelas que compõem o território, desde os escravos fugidos que se acoitavam no Maciço do Cantagalo, passando pelas primeiras construções de barracos no início de 1907, até os dias de hoje, quando mais de 20 mil moradores desse museu territorial lutam contra a segregação social das favelas no contexto da cidade e a favor da sua inclusão funcional urbana e socioeconômica no contexto e na vida social dos bairros de Ipanema e Copacabana, destinos turísticos mundialmente famosos.

Já oMuseu das Remoções, localizado na Vila Autódromo, é um testemunho das remoções forçadas que ocorreram antecederam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde centenas de famílias foram removidas para a construção do Parque Olímpico, do Centro de Mídia e de vias expressas. Apenas 20 famílias permaneceram. Nele o acervo é composto em grande parte por escombros e memórias dos moradores removidos devido à construção de instalações olímpicas. O percurso expositivo pela comunidade permite que os visitantes ouçam as histórias de violência e resistência dos moradores que permaneceram, que relatam as agressões físicas e psicológicas sofridas durante o processo de remoção.

A Rede de Museologia Social do Rio de Janeiropromove encontros mensais entre os museus comunitários, proporcionando a troca de experiências e conhecimento sobre as comunidades e movimentos sociais que representam. Essa rede tem como objetivo ampliar a diversidade de

vozes e narrativas históricas da sociedade, além de atuar em prol da inclusão e transformação social.

Esses museus sociais são parte de um movimento de transformação do conceito tradicional de museu, que historicamente foi marcado por critérios elitistas e excludentes. A definição mais atual e abrangente é de agosto do ano passado e surgiu na 26ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (Icom), em Praga, na República Tcheca. “Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe patrimônio material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus promovem a diversidade e a sustentabilidade”, diz o texto principal.

Os museus sociais do Rio de Janeiro são mais do que espaços de preservação e exposição, eles são ferramentas potentes de luta, valorizando a identidade das comunidades e fortalecendo seus direitos. Ao preservar memórias e tradições, essas instituições evitam o apagamento de grupos sociais e culturas, proporcionando visibilidade para as favelas e contribuindo para que esses territórios sejam reconhecidos como patrimônios das cidades.

Nesse contexto, a Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro desempenha um papel importante ao articular e unir as iniciativas comunitárias, promovendo ações políticas e culturais que envolvem a defesa dos direitos universais à terra, o combate ao racismo, à LGBTfobia e outras pautas relevantes para as comunidades. A diversidade de ambientes e conteúdos não impede que o grupo tenha compromissos em comum, todos voltados para a inclusão e transformação social.

Os museus sociais do Rio de Janeiro representam um movimento de transformação do conceito tradicional de museu, abrindo espaço para que as comunidades contem suas próprias histórias e sejam protagonistas na preservação de sua memória e cultura. Essas iniciativas são uma manifestação poderosa de resistência e valorização das comunidades, desafiando o status quo e promovendo uma sociedade mais justa e igualitária.

com informações de agências

Edição Bárbara Luz

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Se eu morrer antes de você

 


Essa é pra ti - Pois eu sei que você não terá preguiça de ler:

Deixa eu falar sério contigo:

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.

Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero.

Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.

Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.

E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.

Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.

Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.

Você acredita nessas coisas ? Sim? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.

Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele!

Vinícius de Moraes.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Quem somos?

 


Somos a camada mais numerosa da sociedade onde tudo é mais difícil, nosso caminho escabroso traz em seu percurso as profundas marcas da desigualdade fomentada por um sistema governamental falsamente apresentado como democrático e justo.

Somos a mola propulsora, combustível que movimenta uma maquina laboral fazedora de riqueza, de uma riqueza que não nos assiste. Somos os milhares de fulminados, os incontáveis desprovidos de sorte, de uma má sorte que não têm importância alguma para aqueles que desfrutam de uma vida cor de rosa.

Somos dejetos, escória, somos aqueles que não lograram êxito estamos aquém de um grupo abastado que nos julgam derrotados pela incapacidade no competir, por isso nossa negra sorte e nossa dura realidade, assim nos vêem os ditadores de um sistema excludente, assim enxerga o olhar positivo de um sistema limitado, de poucos privilegiados, para eles a culpa do nosso revés não está nos limites do sistema exclusivista, mas sim, nas nossas limitações pessoais.

Somos nós que compomos a parte baixa da pirâmide, somos a base, os esquecidos, os abandonados. Aqui embaixo não nos rasgam sedas, não nos bajulam, aqui não nos dão oportunidades nem nos indicam a nada que nos dignifique. Não importa o que somos ou sentimos, para os elitizados é preciso e interessante que assim sejamos, afinal, alguém tem que ser o boi das piranhas para que a travessia do rio não moleste aqueles poucos que vivem abastados no prazer do vil metal.

Agarrar-se a esperanças não concretas é aquilo que nos ensinam e assim, ainda conseguimos suportar com mais vigor o tumor inoperável que mata a nossa dignidade. Somos desprovidos, desvalidos, censurados. Nos cabe o dever de sobreviver entre as migalhas, a nós é imposta toda ordem, o progresso é tão somente para uns poucos predestinados.

Nosso direito é ficar em silêncio, se resistimos se reclamamos, se nos inconformamos, somos taxados como perigosos, somos problemáticos e revoltados, nos comparam a maçãs podres que devem ser ceifadas para não contaminar outras.

Assim somos, de geração em geração, pois para os dominantes do sistema, interessa que assim sejamos. Não somos atraentes, não causamos interesse algum, tudo aquilo que somos ou sentimos não têm importância alguma para os timoneiros do sistema, afinal, a massa desprovida não traz lucro financeiro para nenhum deles.

Assim foi

Assim é

E assim será.

Prazer em conhecê-los,

Somos os marginalizados.

"Viva o capitalismo".

Mates Brandão de Souza - Maio de 2011.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Certas coisas

Lulu Santos

É hora de mais razão e menos emoção. por isso, trago esta brilhante letra de nossa música, composição de Lulu Santos e Nelson  Motta... O título é "Certas coisas" e entre tantas coisas, eu aconselho, suportem-se minhas crianças...

Não existiria som

Se não houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim,

Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz

Tudo o que quer dizer,

Tudo o que cala fala

Mais alto ao coração.

Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,

Como quem ouve uma sinfonia

De silêncios e de luz.

Mas somos medo e desejo,

Somos feitos de silêncio e som,

Tem certas coisas que eu não sei dizer...

Vou te contar

Os olhos já não podem ver

Coisas que só coração

Pode entender

Fundamental é mesmo o amor

É impossível ser feliz sozinho...

O resto é mar

É tudo que eu não sei contar

São coisas lindas

Que eu tenho pra te dar

O amor se deixa surpreender

Enquanto a noite

Vem nos envolver...

Fundamental é mesmo o amor

É impossível ser feliz sozinho

Fundamental é mesmo o amor

É impossível ser feliz sozinho...

Tem certas coisas

Que eu não sei dizer

Nós somos feitos desejos

Somos feitos de silêncio e som...