quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Grande Esperança.


A classe roceira e a classe operária ansiosas esperam a reforma agrária
Sabendo que ela dará solução para situação que está precária
Saindo projeto no chão brasileiro que cada roceiro plante sua área
E nesta miséria ninguém viveria pois a produção já aumentaria
Quinhentos por cento até na pecuária.


Esta grande crise que a tempo surgiu maltrata o caboclo ferindo seu brio
Dentro de um país rico e altaneiro morrem brasileiros de fome ou de frio
Em nossas cidades ricas em imóveis milhões de automóveis já se produziu
Enquanto o coitado do pobre operário vive apertado ganhando salário
Que sobe depois que tudo subiu.


Nosso lavrador que vive do chão só tem a metade de sua produção
Por que a semente que ele semeia tem que ser a meia com o seu patrão
O nosso roceiro vive num dilema pois o problema não tem solução
Porque o ricaço que vive folgado acha que o projeto se for assinado
Estará ferindo a Constituição.


A grande esperança o povo conduz pedir a Jesus pela oração
Pra guiar o pobre por onde ele trilha e para as famílias não faltar o pão
Que Ele não deixe o capitalismo levar ao abismo a nossa nação
A desigualdade que existe é tamanha enquanto o ricaço não sabe o que ganha
O pobre do pobre vive de tostão.

(Goiá - Francisco Lázaro - Cantada por Zilo e Zalo)

O texto acima é a letra da música que tem por título “A grande esperança”, é antiga, porém trata de um assunto recente em nossa história, a questão da reforma agrária, a exclusão social que o sistema capitalista proporciona e a concentração de riqueza nas mãos de uma minoria. A composição é de Goiá e Francisco Lázaro, a música foi gravada e interpretada pela dupla Zilo e Zalo, ambos compositores e cantores, são clássicos no gênero da música caipira, gênero este que enriquece a diversificada manifestação cultural do nosso país. Com uma crítica ácida ao sistema capitalista, a dupla e os compositores na época, enfrentaram problemas com a censura imposta pela ditadura militar, a música foi então vetada, proibida de ser tocada e comercializada em 1965, pelo então presidente Castelo Branco, uma época em que os militares travaram guerra contra os comunistas, por criticar o capitalismo e ser favorável a reforma agrária a música foi considerada subversiva. Foi, no entanto, apenas mais uma das tantas formas de indignação, caladas pela mão opressora da classe dominante e ditatorial que manchou nossa história política nos cobrindo de revolta, luto e vergonha.

Por: Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.

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