Qual a melhor forma de se vencer um debate sem precisar debate? Já disse aqui, que a melhor forma é desqualificar o seu oponente, difamá-lo e assim, evitar que ele seja ouvido. Nesta campanha eleitoral, e-mails contento os mais variados tipos de absurdos, têm feito bem este papel.
Vamos decidir quem será o próximo presidente do país e o que estamos debatendo? Nada. Mais do que um plebiscito para dizer qual governo foi melhor, se Lula ou FHC; mais do que uma disputa para saber quem é menos corrupto, se o PT ou o PSDB; mais do que uma corrida para ver quem é mais “cristão”, se Dilma ou Serra, o que devemos discutir mesmo é qual o “modelo de Estado” que os dois grupos políticos propõe. Isso é o fundamental nesta eleição e nos remete à uma discussão ideológica.
Para o grupo ligado à José Serra (PSDB, DEMOcratas), o Estado deve ser mínimo, ou seja, o Estado deve intervir o mínimo possível na sociedade. Estas pessoas, muito ligadas ao modelo “neoliberal”, entendem que a sociedade deve se auto-regular, a partir da competição, do “que vença o melhor, o mais preparado”, em defesa do individualismo. Para este grupo, o Estado não deve ter empresas, estradas, escolas ou universidades, mas apenas, “regulamentar a livre iniciativa”. Em outras palavras, trata-se do ideal de “salve-se quem puder”. Por exemplo, o governo FHC não criou nenhuma nova universidade pública, vendeu empresas, tentou vender a Petrobrás, privatizou rodovias, etc. Serra fez a mesma coisa no governo de São Paulo. Dizem que querem esperar o “bolo crescer” para depois cortá-lo.
Para o grupo ligado à Dilma Rousseff (PT, PMDB), o Estado deve ser máximo, ou seja, o Estado deve intervir o máximo possível na sociedade. Estas pessoas entendem que o Estado deve intervir na economia, regulando a “livre iniciativa”, e diminuindo a competição exacerbada, isto é, em favor do coletivismo e da solidariedade. Para este grupo, o Estado deve ter empresas para competir no mercado e poder baixar os preços, deve ter rodovias públicas, universidades e escolas públicas, garantindo a todos os cidadãos, melhores condições de vida e informação e não apenas àqueles que podem pagar por isso. Por exemplo, no governo Lula foram criadas quatorze novas universidades públicas, a Petrobrás foi reforçada, rodovias receberam investimentos, pobres têm pelo menos o que comer, etc. Aqui, querem “cortar o bolo” enquanto ele cresce.
Você eleitor, pode escolher entre estes dois modelos de Estado que simplifiquei aqui. Na democracia somos livres para isso. No entanto, não é justo sair por aí dizendo que tal ou qual candidato é isso ou aquilo e que este é o motivo para você votar ou não. Escolha entre um dos dois modelos. Eu tenho uma clara preferência pelo “Estado máximo” que possa tornar as condições de vida da população mais igualitárias, diminuindo a miséria e com isso gerar menos desigualdade social e por conseqüência, menos violência. O grupo ligado à candidatura de José Serra não quer que este debate venha à tona.
Por: Cássio Augusto – professor e mestrando em História pela UEM.
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