terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Rubem Braga o nosso cronista.

Em 19 de Dezembro de 1990, Rubem Braga nos deixava. Findava-se assim a vida de um dos maiores cronistas brasileiros.
Rubem Braga, natural de Cachoeiro do Itapemirim (ES), tinha o dom de imortalizar o cotidiano. Conseguia, de maneira inigualável, transformar um texto jornalistico em crônica. Desde que surgiu para a literatura, na década de 30, o "Sabiá da Crônica", como o chamava Stanislaw Ponte Preta, encantou o leitor brasileiro. Retratando com limpidez o complexo cotidiano do país, Rubem Braga dava à crônica brasileira uma nova dimensão que somente os grandes escritores sabem dar: a universalidade.
O último plano de Rubem, simples e perfeito como os que organizaram sua obra, seria colocado em prática dias após sua morte: a cremação em São Paulo. Certamente seus amigos lembraram-se de uma pequena crônica sua, chamada "Berço de mata-borrão", onde Rubem conta sua curiosa pesquisa atrás da melhor maneira de se fazer cremar. A bem-humorada crônica expõe o lado metódico e precavido do autor, que, dois dias antes de sua morte, reuniu os amigos na sua cobertura em Ipanema, Rio de Janeiro, no que todos entenderam como uma despedida.

O filho mais ilustre de Cachoeiro do Itapemirim ES.
“...Mergulho nesse mundo misterioso e doce e passeio nele como um rei arbitrário que desconhece o tempo....

...são dezenas, centenas de lembranças graves e pueris que desfilam sem ordem, como se eu sonhasse.
Entretanto uma parte desse mundo perdido ainda existe e de modo tão natural e sereno que parece eterno; agora mesmo chupei um caju de 25 anos atrás...

Rubem Braga “Em Cachoeiro”- 1947

“Nossa casa era bem bonita, com varanda, caramanchão e o jardim grande ladeando a rua. Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda...”

Rubem Braga na crônica “ Os trovões de antigamente”.

“Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa:“Eu sou lá de Cachoeiro...”

(Rubem Braga)


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