domingo, 6 de maio de 2012

SOBRE A LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS

No Movimento Direito Para Quem


Um dos principais argumentos das pessoas contrárias à legalização das drogas é que os usuários financiam e armam o tráfico. Há duas incongruências aí:

1. Todo mercado tem um vendedor e um comprador que são reciprocamente alimentados. A sociedade de consumo moderna nos ensina a trabalhar com os termos oferta, procura e regulação estatal. O problema das drogas não está na oferta e na procura. Está na falta de regulação estatal, que mantém essas substâncias no mercado negro. Como o Estado é obrigado a combater o mercado negro de qualquer coisa, o tráfico de drogas é combatido. A violência surge dessa repressão, que assume características da luta de classes na medida em que há o controle armado do território, da cultura e das pessoas daquele local, sempre uma favela ou comunidade da classe trabalhadora. A venda de drogas em geral, quando não está sendo reprimida policialmente, não gera insegurança, vide os remédios e os cigarros. O contrário é observado quando a mercadoria é colocada na ilegalidade, fora da regulação estatal, pois a proibição não acaba com o mercado. Na verdade, a ONU estima que, mesmo com toda a perseguição das últimas décadas, o consumo de todas as drogas aumentaram no mundo inteiro.

2. Maconheiros são professores, advogados, médicos; são também pedreiros, serventes e garis. Maconheiros moram em Ipanema e moram na Rocinha. Juízes e engenheiros também fumam maconha, assim como desempregados e estudantes. Entre os estudantes, há todo tipo de maconheiro, inclusive aqueles que se acham iguais ao Che Guevara. Isso não muda em nada a idéia de que a legalização das drogas é uma solução para problemas sérios de afronta à liberdades individuais e de gestão pública da segurança. 

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