domingo, 17 de junho de 2012

Dona Flor e seus amores

Por Flavia Pagnoncelli

O vento, criatura inquieta, impaciente e sem limites de fronteira não tinha paradeiro, vivia a perambular pelo mundo a fora em busca de algo que pudesse preencher o vazio do seu coração. Corria por muitos lugares, mares, rios, terras distantes, um mundo sem fim. De tanto procurar, um dia deu de cara com o amor, esse sentimento estranho que se aloja e se abriga em nós sem pedir licença e muito menos consentimento. Quis o amor se alojar no coração do vento para nele soprar uma paixão avassaladora por uma linda orquídea.

Em suas andanças, carregava consigo o perfume da linda flor suspirava e almejava o regresso para reencontrar a amada orquídea.

A orquídea, apesar de bela, tinha um mundo muito limitado, vivia presa a um tronco de carvalho e desconhecia a paixão do vento por ela, pobre flor, o mundo não lhe foi gentil.

Aos pés do carvalho estava o mar, carente e louco de amor pela bela flor. Nutria pela orquídea uma imensa admiração e se extasiava com a sua beleza. Buscava sempre uma maneira de despertar lhe a atenção.
O vento sem saber da paixão do mar pela orquídea, alegre que estava, agitava o mar e o levava para perto da bela flor.

Flor de espécie rara tinha um brilho todo especial, inebriante, contagiante, sensual, era terna e seu afago era desejado pelo vento e pelo mar.

Vento e mar sonhavam um dia possuí-la, tê-la junto de si para todo o sempre.
O vento a queria levar para os lugares mais distantes desse mundo e o mar a queria levar para os confins do oceano.

O mar era capaz de tocar suavemente as pétalas da orquídea e dela extrair para suas águas a essência mais profunda de perfume da pequena, frágil e bela flor.

O mar em um momento de grande euforia confessou ao vento seu amor pela orquídea e pediu que ele o levasse com sua força para mais perto de sua amada, pois ele a queria arrancar e levá-la oceano afora.

O vento estremeceu e um frio tremendo o invadiu, o ódio e a raiva o deixaram muito agitado. Impaciente e com medo de perder a chance de conquistar sua amada fez sair dele um calor muito forte, impactante. Despiu-se de suas vestes tranquilas, enfureceu-se.

Um furacão enorme balançou fortemente o mar que também se agitou e os dois começaram a se chocar violentamente um contra o outro.

Esqueceram-se da frágil e bela orquídea que não resistiu aos ataques de seus amados.

Morreu aos pés do vento e do mar.

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