terça-feira, 19 de junho de 2012

MOACIR LISBOA

Por Marcos Valnei
Em foto recente defendendo a equipe master de Marilena

Eu me lembro de você lá no Estádio João Claudino defendendo a camisa do nosso time como quem zela por algo sagrado. Corria os anos 80 e você, zagueiro dos bons, firme por baixo e impecável nas bolas aéreas... Amigo de fala baixa, sem exageros nas risadas... Quase tímido... Mas de uma personalidade forte, daquelas moldadas na roça, na colheita do café...
Aceitou as trombadas de todos atacantes daquelas bandas... Tava ali um caboclo respeitado com as chuteiras nos pés...
Fora de campo, mantinha o mesmo perfil... Defendeu o sustento da família com a mesma garra com que zelava de uma grande área... Encarou o sol, o frio a chuva e nunca se queixou, pois sabia que era aquela a sua missão... Tava alí um caboclo que se fazia respeitar pelos calos nas mãos... Quando a vida me tangeu de lá pra cá, você largou a roça e foi trabalhar na construção... Nos encontramos poucas vezes para um oi, um como vai... A última foi nas minhas férias em janeiro... Me lembro de você lá no balcão, no canto esquerdo do bar do Walter, tomando uma pinguinha... Te convidei para uma cerveja e você descartou com educação... Não queria misturar... Me tratou com o entusiasmo de quem sentiu prazer em rever um amigo. Trocamos uma dúzia de palavras e me retirei te deixando lá no seu canto... Confessando para a pinga sabe lá quais dissabores...
Hoje me contaram que você foi atropelado em São Paulo... Não sabia que você tinha ido trabalhar em alguma construção da capital paulista em busca de melhor salário... Me disseram que você não resistiu...
Se eu soubesse que em janeiro seria a última vez que conversaria contigo, teria degustado aquela e outras doses com você... Teria te perguntado sobre teus dissabores...
Agora que você vestiu uma camisa de luz e não teremos mais tempo para aquela cervejinha, fico aqui torcendo para que você encontre por aí o Jairo, o Toninho Shéo e o Tigrão... Outros colegas com quem dividimos tabelas no Estádio João Claudino e o precederam nesta viagem...
Foi uma honra, cara... Pode ter certeza!
Contarei sempre que tive o prazer de ser amigo de um caboclo respeitado...
Vai com Deus... 
E que Ele conforte sua família...

Marcos Valnei



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