quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Líder da extrema-direita na Hungria descobre ser judeu

Do G1
Csanad Szegedi era famoso por seus comentários polêmicos sobre judeus. Uma conversa gravada revelou que avó dele é sobrevivente de Auschwitz.
Foto de 7 de junho de 2009 mostra Csanad Szegedi
comemorando a entrada para o Parlamento
Europeu (Foto: Bela Szandelszky / AP)
Como uma estrela em ascensão do partido de extrema-direita Jobbik, da Hungria, Csanad Szegedi era famoso por seus comentários incendiários sobre os judeus. Ele os acusou de estar "comprando" o país, criticou o "judaísmo" da elite política e afirmou que judeus estavam profanando símbolos nacionais.

Então veio uma revelação que derrubou Szegedi de sua posição de estandarte da extrema-direita: ele próprio é judeu.

Após semanas de rumores na internet, o político descobriu em junho que seus avôs maternos eram judeus –o que faz dele também um judeu, embora não pratique os preceitos religiosos. A avó de Szegedi foi uma sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz e seu avô esteve em um campo de trabalhos forçados.

Desde então, o homem de 30 anos se tornou um pária no partido Jobbik e sua carreira política entrou em colapso. Ele se nega a dar entrevistas sobre o caso.

Conversa gravada
Na raiz do drama, está uma fita de áudio de uma reunião entre Szegedi e um criminoso condenado em 2010. Szegedi reconhece que a reunião aconteceu, mas afirma que a fita foi alterada, embora não explique de que forma.

Na gravação, o condenado acusa o político com evidências de suas raízes judaicas. Szegedi parece surpreso, e oferece dinheiro e favores em troca do silêncio do homem.

Sob pressão, o político renunciou no mês passado de todos seus cargos no partido e se desfiliou. Isso não foi o suficiente para seus ex-colegas: na semana passada eles pediram que Szegedi também abrisse mão de seu assento no Parlamento Europeu. O partido diz que o motivo é a suspeita de corrupção e não as raízes judaicas dele.

Szegedi começou a ganhar destaque em 2007, como membro fundador da Guarda Húngara, grupo de uniformes pretos e bandeiras listradas que remetia ao Arco de Cruzes, um partido pro-nazista que governou por um tempo a Hungria no final da Segunda Guerra e matou milhares de judeus.

Ao todo, 550 mil judeus húngaros foram mortos durante o Holocausto, a maioria deles mandados para campos de concentração. A Guarda Húngara foi proibida pela justiça em 2009.

Szegedi então entrou para o partido Jobbik, lançado em 2003 para se tornar a maior força da extrema direita no país. Ele logo se tornariam um dos mais visível porta-vozes do partido. Desde 2009, ele também se tornou um representantes da sigla no Parlamento Europeu e um dos três legisladores, cargo que ele afirma querer manter.

Negócios
A revelação também atinge os negócios do político. Sócio de Szegedi num site que vende produtos sobre nacionalismo húngaro, Gabor Szabo está deixando a sociedade. A irmã do sócio também deixou o emprego como assistente pessoal de Szegedi.

O homem que gravou a conversa com ele, Zoltan Ambrus, que cumpre pena por porte de armas e explosivos, aparentemente rejeitou a oferta de suborno. Ele disse que gravou a conversa a pedido de uma ala do partido que queria derrubar Szegedi de um posto de liderança da sigla.

O polícito reconheceu a origem judaica em entrevista a veículos húngaros. Ele disse que depois da conversa com Ambrus, teve uma longa conversa com a avó, que lhe contou sobre o passado da família de juseus ortodoxos.

“Foi quando eu descrobri que realmente minha avó é judia”, disse Szegedi à Hir TV. “Eu perguntei a ela como as deportações aconteceram. Ela esteve em Auschwitz e Dachau e foi a única sobrevivente de toda a família.”

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