sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os canibais de Garanhuns, no agreste pernambucano


Seita de canibais de Pernambuco queria conter aumento da população
Essa seria a razão de todas as vítimas do grupo serem mulheres

As três pessoas presas em Garanhuns (PE) suspeitas de matar, esquartejar e comer a carne de mulheres formavam um triângulo amoroso. O canibalismo era praticado em nome de uma seita chamada Cartel, que, segundo a polícia, foi criada e era mantida apenas pelo trio. Segundo os suspeitos, a missão do grupo era conter o aumento da população, por isso as vítimas eram sempre mulheres.

 Jéssica Camila Pereira foi, possivelmente, a primeira vítima do trio. Com 17 anos e uma filha de um ano, ela foi atraída por uma oferta de emprego feita por uma mulher chamada Isabel. Segundo o pai de Jéssica, ele tentou impedir a filha de aceitar a oferta, mas a aliciadora foi insistente e convenceu a vítima a ir com ela. Depois, ele nunca mais viu a filha e a neta.

Giselly Helena da Silva, de 30 anos, e Alexandra Falcão da Silva, de 20 anos, teriam sido outras duas vítimas dos canibais. Elas teriam sido mortas em Garanhuns, a 228 km de Recife.


Jorge Negromonte Silveira, de 50 anos, é suspeito de liderar o grupo. Ele é formado em educação física e já deu aulas de karatê, ginástica e dança. Em um livro, Silveira teria descrito como cometeu o assassinato de Jéssica. Além disso, ele registrou em desenhos corpos em pedaços, enterros e caveiras.

A filha de Jéssica, hoje com cinco anos, teria ficado na casa dos supostos assassinos. De acordo com a polícia, ela pode ter presenciado os crimes cometidos no local. O delegado Wesley Fernandes conta que conversou com a menina.

— Levamos a criança em um quarto reservado e começamos a conversar com ela e mostramos a foto de Gisele. Foi quando ela reconheceu a Gisele. Falou que seus pais diziam que ela era uma pessoa má [...] Ela afirmou que o pai teria arrancado a cabeça da vítima. Isso tudo nos leva a crer que toda essa atrocidade foi feita na presença dessa criança.



A primeira audiência de julgamento das três pessoas acusadas pela morte, com evidências de canibalismo, de três mulheres no Recife (PE) será realizada nesta quinta-feira, no Fórum de Olinda. A juíza Maria Segunda Gomes de Lima, da Vara de Tribunal do Júri, estará à frente da sessão.

Jorge Beltrão Negromonte Silveira, sua mulher, Isabel Cristina Pires Silveira, os dois com 50 anos, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25 anos, tida como amante de Jorge, estão presos, preventivamente, desde abril. Os réus confessos foram denunciados pelo Ministério Público.

Na audiência estão previstos os depoimentos de 20 testemunhas, mas o Tribunal de Justiça não informou quantas delas seriam da defesa e quantas da acusação. Serão quatro os advogados de defesa: Paulo Henrique Melo, Rannieri Aquino, Edmilson Francisco e Luiz Carlos Lopes.

Vítimas

As investigações policiais sobre o caso começaram depois que a família de Giselly Helena da Silva, 31 anos, uma das três vítimas, denunciou seu desaparecimento. A polícia chegou até os acusados após rastrear o cartão de crédito de Giselly, que foi usado após seu desaparecimento em várias lojas de Garanhuns, no agreste pernambucano. Jorge Silveira, Isabel Cristina e Bruna Cristina moravam em Garanhuns.

A polícia encontrou no quintal da casa de Silveira e Isabel os corpos enterrados de duas de suas vítimas: Alexandra Falcão da Silva, 20 anos, e Giselly. Ambos os corpos apresentavam sinais de esquartejamento. O crime, no entanto, ganhou destaque fora do Estado após os acusados terem dito que consumiam porções da carne das vítimas e da pele, como forma "purificação da alma".


Os três assumiram também a responsabilidade pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, 22 anos, no município metropolitano de Olinda. Ela teria sido assassinada e enterrada em 2008. Eles teriam ficado com uma criança, filha da vítima, que, informaram, também chegou a consumir carne humana.

Via Dag Vulpi

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