segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Derrota de Requião joga o PMDB no “colo” de Richa

Partido deve ganhar mais espaço no governo em troca de apoio à reeleição do governador

Ivan Santos no BEM PARANÁ

Serraglio, entre Pessuti e Rocha Loures: discurso conciliador

A derrota do senador Roberto Requião para a chapa encabeçada pelo deputado federal Osmar Serraglio, na convenção que definiu o novo comando do PMDB do Paraná dá força à ala do partido que defende o apoio da legenda à reeleição do atual governador Beto Richa em 2014. E o primeiro fruto dessa nova relação entre os peemedebistas e o tucano deve vir na reforma primeiro escalão do governo do Estado, quando Richa deve ampliar o espaço do partido em seu secretariado visando atrair de vez o PMDB para seu palanque daqui a dois anos.

Requião disputava a presidência do diretório peemedebista com a esperança de emplacar uma nova candidatura ao governo em 2014. Mas foi derrotado por 289 votos a 220, na convenção de sábado, pela chapa formada pela bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, que já integra a base do governo Richa. Com isso, o próprio Requião admitiu que o plano de candidatar-se ao governo pelo PMDB fica prejudicado. “A convenção do PMDB do Paraná foi uma prévia para 2014 vencida pelo Beto Richa”, comentou pelo twitter após a derrota.

Não por acaso, com exceção da presidência, conquistada por Serraglio, os principais cargos da nova Executiva estadual do partido ficaram nas mãos dos deputados estaduais: Nereu Moura (1º vice-presidente), Luiz Claudio Romanelli (2º vice), Stephanes Jr. (3º vice), Jonas Guimarães (tesoureiro), Luiz Eduardo Cheida (2º tesoureiro), Waldyr Pugliesi (2º vogal), Caíto Quintana (4º vogal), Ademir Bier (1º suplente), Alexandre Curi (2º suplente). Ou de adversários de Requião dentro do partido, como o ex-governador Orlando Pessuti (secretário geral), o senador Sérgio Souza (1º vogal), e o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (3º vogal).

Apesar de negar ter interferido na disputa do PMDB, o governador atuou pessoalmente para fortalecer a ala governista do partido. Há duas semanas, chegou a reunir-se com os deputados e prefeitos eleitos da legenda, em encontro que provocou a fúria de Requião. Na ocasião, informado pelos deputados do PMDB de que parlamentares de outros partidos da base governista estariam assediando os prefeitos do partido, se comprometeu a atender as reivindicações dos municípios governados pela legenda, sem discriminação. 

Richa também adiou a reforma do secretariado para janeiro, como forma de aguardar o resultado da convenção peemedebista. E teria prometido ampliar o espaço do partido no primeiro escalão. Não por acaso, um dos deputados do PMDB que mais trabalharam pela derrota de Requião foi Luiz Cláudio Romanelli, secretário de Estado do Trabalho que se licenciou do cargo especialmente para se dedicar às articulações visando a vitória na convenção.

Segundo fontes da bancada, Richa teria prometido duas secretarias para parlamentares do PMDB, em caso de vitória na disputa pelo diretório estadual: Meio Ambiente e Administração. Os deputados, porém, reivindicam as secretarias da Casa Civil e da Agricultura.
A vitória da chapa controlada pelos deputados estaduais na convenção é decisiva para definir os rumos do PMDB em 2014. Isso porque será esse diretório eleito no final de semana que vai coordenar as negociações sobre alianças e candidaturas daqui a dois anos.

Convivência pacífica - Por enquanto, o discurso oficial é de que não está descartada a candidatura própria ao governo, mesmo a de Requião. “Nós somos muito fortes e esta força nossa é realmente independente da não divisão. E esta é a primeira meta nossa, aparar as arestas. É esta reflexão que precisamos fazer dentro do PMDB”, disse Serraglio após a vitória.

O deputado disse ainda é muito cedo para definir a participação do partido para as eleições de 2014. Serraglio prega uma “convivência e parceria pacífica” tanto com o governo Beto Richa como com o governo Dilma Rousseff. “Isto não impede que quem seja pretenso candidato desde logo comece a construir internamente o seu nome para que venha ser sagrado, vencedor, na convenção”, afirmou.

Serraglio disse que não haverá nenhum restrição a Requião. “Ao contrário, a candidatura do Requião historicamente é um líder nosso (não está descartada), mas também temos pretensões, como por exemplo, do nosso amigo, do ex-governador Orlando Pessuti, que todos percebemos que nesta caminhada ele se tornou também um vitorioso e que precisa ser valorizado”, lembrou.

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