terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Como ser brilhante ou infame numa tragédia

 Caruso X Latuff:

O jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, compara duas charges feitas sobre o drama de Santa Maria. Enquanto Carlos Latuff soube, com arte, ironizar o comportamento dos meios de comunicação na cobertura do caso, Chico Caruso, do Globo, fez uma peça que merece ser esquecida, com uma piada sem graça envolvendo a presidente Dilma e as vítimas do holocausto na boate Kiss

Por Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo

Fazer charge num drama como o de Santa Maria é uma tarefa para poucos.

É fácil fazer bobagem, e é difícil fazer coisa boa.

Na tragédia de Santa Maria, tivemos as duas situações. O cartunista Carlos Latuff, que se celebrizou no Brasil há  pouco tempo depois de ser acusado de antissemita, brilhou.

Latuff ironizou o abominável comportamento da mídia diante de calamidades como a da casa noturna Kiss. Um repórter tenta extrair palavras de um familiar da vítima no enterro, numa exploração abjeta da dor alheia.

Clap, clap, clap. De pé.

Latuff deu voz a milhões de brasileiros que somaram à tristeza pelas centenas de mortes a indignação pela atitude de jornalistas que não respeitam a dor alheia e simulam, como canastrões, uma dor que não sentem.

O lado B veio com Chico Caruso, no Globo. Ele fez uma prisão em chamas, na qual ardem as pessoas ali dentro e da qual se exala uma fumaça sinistra. Dilma, sempre Dilma, observa de longe e exclama: “Santa Maria!”

Era para rir? Os leitores acharam que não. Mas viria uma segunda etapa. Numa decisão estapafurdiamente incompreensível, Ricardo Noblat republicou a charge em seu blogue com o acréscimo da palavra “humor”.


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