quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pastores pentecostais ganham mais que professores universitários

Pastores experientes são mais bem remunerados que professores universitários e defensores públicos federais em início de carreira, cujo salário é de R$ 14.549,23, e que delegados da Polícia Federal

Pastores das grandes igrejas pentecostais estão entre os profissionais mais bem pagos do país, embora não haja a exigência de que tenham curso superior. Em início de carreira eles ganham R$ 4.000 por mês e conseguem promoções rápidas, chegando a R$ 22 mil.

Essas informações são de Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que é o único líder de mega-igreja pentecostal (ou neopentecostal) que revela quanto paga a seus pastores. Por isso suas informações servem como referências desse concorrido mercado de profissionais. Malafaia disse que também garante aos pastores casa e colégio dos filhos, o que eleva o valor real do salário.

Assim, os pastores pentecostais ganham muito mais do que a média de R$ 2.000 paga, por exemplo, aos professores do ensino médio público do Estado de São Paulo.
De acordo com dados de novembro de 2012 do IBGE, os trabalhadores da iniciativa privada ganham em média R$ 1587,05 e os do setor público, R$ 3.068,16. Os pastores praticamente obtêm a soma dessas duas médias.

Os pastores mais experientes ganham mais até em relação aos professores titulares (topo da carreira) das três universidades paulistas, cuja média salarial é de R$ 11.000. Para obter um salário de R$ 22.000, um professor tem de contar com o benefício dos quinquênios, ao longo de 20 anos de trabalho.

Os pastores começam ganhando tanto quanto os policiais civis em início de carreira em São Paulo, Bahia, Rio, Espírito Santo, Minas Gerais e Pará, que são os Estados que realizarão este ano concurso para investigador, entre os profissionais da segurança publica.

Pastores experientes são mais bem remunerados que defensores públicos federais em início de carreira, cujo salário é de R$ 14.549,23, e que delegados da Polícia Federal, os quais começam ganhando de R$ 7.514,33 a R$ 13.368,23. Também haverá este ano concurso para essas duas profissões, que estão entre as mais almejadas por causa da boa remuneração.

Malafaia disse não haver falta de candidatos a pastor, mas os qualificados são escassos. E ele precisa de muitos, porque tem planos de abrir nos próximos 10 anos mil templos em todo o Brasil. Em dezembro de 2012, Malafaia investiu R$ 4 milhões na quarta edição da Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo, em Águas de Lindoia (SP).

Outras denominações dão cursos a seus futuros pastores, em uma iniciativa que começou com a Igreja Universal.

A Mundial não investe em treinamento porque prefere se abastecer de pastores de outras igrejas, principalmente da Universal e da Internacional da Graça de Deus, pagando melhores salários, além de plano de saúde e aluguel de casa. Em alguns casos, Valdemiro Santiago, o chefe, concede também de 8% a 10% da arrecadação que o pastor obtiver dos fiéis.

A disputa pelos melhores pastores é tanta, que Malafaia, nos cursos, tem ressaltado que os futuros pastores devem fidelidade à Vitória em Cristo. Há também o temor de que os mais ambiciosos abram o seu “próprio negócio”, suas igrejas.

O repórter João Batista Jr, de Veja São Paulo, com base no curso da Vitória em Cristo e no que outras denominações têm feito, anotou três “mandamentos para faturar e conquistar fiéis”, os quais seguem.

1 – Inovar nas ofertas. Pedir dinheiro para construção de templos, oferecer fronhas e toalhas ungidas, etc.

2 – Caprichar na pregação. Prender a atenção dos fiéis com clichês como “Não deixar o cavalo morrer na batalha” e “A fofoca é capaz de destruir as bases sociais”. Fechar os olhos durante a pregação também é recomendável.

3 – Ter dons artísticos. Leva vantagem o pastor que souber cantar e pular, como se o púlpito fosse o palco de um espetáculo circense. Saber gesticular é fundamental, como abrir os braços igual a um profeta.


Paulopes Via Pragmatismo Político 

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