segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Correa confirma que deixará o poder em 2017


O presidente do Equador, Rafael Correa, reeleito de forma contundente no domingo em primeiro turno, reafirmou em entrevistas nesta segunda-feira sua intenção de deixar o poder em 2017, quando acaba seu terceiro mandato. Segundo Correa, ele deixará até mesmo a política uma vez que novas eleições sejam realizadas.
Correa descartou que deseje permanecer no poder para além de 2017, ao reiterar que este será seu último mandato, em uma entrevista concedida nesta segunda-feira à rádio colombiana La Fm. “De acordo com a Constituição, sim (esta será a última reeleição). Assim como diz a Constituição, depois de quatro anos eu volto para casa”, disse Correa, um economista de esquerda.
“Isto esgota bastante, mas além disso é muito injusto, porque uma pessoa toma decisões que afetam os outros, a minha família, por exemplo. Minhas filhas foram criadas na adolescência sem privacidade (…) o tempo que eu posso dedicar a elas é bastante escasso”, ressaltou. Na entrevista, Correa afirmou que, após o fim deste novo mandato, se retirará inclusive da política.
“Minha presença no país é muito forte. Então, se depois de quatro anos voltarmos a ganhar, o Aliança País voltar a ganhar as eleições e o governo, (eu) ofuscaria talvez a pessoa que me sucedesse no cargo. E, mesmo que seja opositor, de qualquer forma minha presença seria muito forte”, afirmou. “Então prefiro, para deixar os demais florescerem, me retirar para a vida privada. Não apenas deixarei a presidência, deixarei a vida pública”, acrescentou.
Guillermo Lasso
Por enquanto, as eleições de domingo marcaram a ascensão de uma nova figura política: o banqueiro Guillermo Lasso, que obteve 23,6% dos votos segundo a apuração (Correa teve 58,5%). Lasso, que saltou para a arena política há pouco tempo, se autoproclamou o novo líder de uma oposição descentralizada, que tinha sete aspirantes presidenciais. “Do zero nos convertemos na segunda força política do Equador. E agora que já temos mais de um quarto da população nos apoiando, não duvido, nos converteremos na primeira força política do país”, disse Lasso.
De fato, em seu discurso da vitória, Correa afirmou que a derrota de candidatos como o ex-presidente Lucio Gutiérrez (2003-2005) e o magnata Alvaro Noboa significa o “enterro da partidocracia”, deixando restar no cenário político “uma direita ideológica”.
“Temos que nos organizar melhor porque as forças que se opõem a este projeto vão se organizando cada vez mais para detê-lo”, lançou Correa na comemoração com milhares de simpatizantes, e sentenciou: “se não mudarmos agora o Equador, não o mudaremos nunca”.
Correa busca maioria absoluta no Congresso
Até agora, a falta de maioria absoluta no Parlamento dificultou a aprovação de algumas normas pelo governo, como a lei de comunicação, que propõe uma nova divisão das frequências de rádio e televisão, além de mais regulações. Este lei é impulsionada pelo governismo no âmbito de uma disputa que Correa mantém com um setor da imprensa privada, devido ao qual ONGs internacionais o acusam de atentar contra a liberdade de expressão.
“Vamos tentar fazer com que esta seja uma imprensa honesta, porque aqui há uma imprensa corrupta que está nas mãos de algumas famílias que acreditam que podem dizer o que querem porque têm uma imprensa”, advertiu o presidente depois de ser reeleito.
O Conselho Nacional Eleitoral ainda não informou quando será divulgada a formação da Assembleia Legislativa, um processo mais complexo devido aos métodos adotados para a concessão dos 137 assentos, mas empresas de pesquisa privadas, como a Cedatos-Gallup e a CMS, consideram que os números de Correa permitem pensar que também será garantida uma maioria absoluta no Congresso.
“A revolução cidadã triunfou em apenas um turno, e muito provavelmente obteremos uma ampla maioria na Assembleia”, afirmou o presidente após sua vitória. Durante toda a campanha, na qual seu favoritismo nunca esteve em xeque, Correa se focou em promover seus aspirantes ao Parlamento, onde o governista Aliança País (AP) tem atualmente o principal bloco, sem alcançar a maioria absoluta.
O presidente considera crucial consolidar este domínio para avançar com projetos pendentes, com os quais busca “radicalizar” seu projeto, alinhado com o socialismo do século XXI do presidente venezuelano Hugo Chávez, embora de maneira mais moderada.
Com informações da AFP no Carta Capital

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