sexta-feira, 22 de março de 2013

Professor chama aluno de ‘macaco’ em escola da UFMG


Por João Henrique do Vale


Professor chama estudante de macaco dentro de sala no Centro Pedagógico da UFMG. A Universidade abriu um processo administrativo para apurar o caso. De acordo com diretora, professor assumiu que chamou o menino de macaco, mas não em tom racista


A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) abriu processo administrativo nesta quarta-feira (20) para apurar denúncia de racismo feita por uma mãe de aluno do Centro Pedagógico da Escola de Educação e Profissionalização, unidade especial de ensino fundamental da universidade, que funciona no Campus Pampulha, em Belo Horizonte.
O estudante negro de 14 anos foi chamado de “macaco” pelo professor de português, de 49 anos, cujo nome não foi divulgado, ao término da aula na segunda-feira (18).
Segundo a diretora do Centro Pedagógico, Tânia Lima Costa, nesse dia, o professor passou para os alunos o filme “À Procura da Felicidade” (2006). Após a transmissão, como o aluno “brincava” e “conversava” em sala de aula, o professor o chamou de “macaco”.
“Conversei com todos os envolvidos, o aluno, o professor, o monitor, os pais do estudante e os outros alunos. O professor confirmou o fato, mas diz que não quis ofender. Para ele, sua fala foi tirada de contexto. O aluno, por sua vez, se sentiu ofendido e reclamou para os pais. É uma situação nova, que nunca experimentamos. Assim, a UFMG optou por abrir o processo administrativo para que o caso seja melhor avaliado”, afirmou a diretora, professora há 30 anos na escola.
Segundo a diretora, o professor pode sofrer uma advertência verbal ou mesmo ser expulso dos quadros da UFMG. A comissão que vai avaliar o fato, formada por três professores da universidade, tem 60 dias para investigar os fatos e emitir seu parecer.
A mãe do aluno afirmou que vai registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar. “O meu filho está muito chateado. Eu não sei o que vai ser daqui pra frente. Acho que ele [professor] é que precisa voltar para a escola. Vou mandar um e-mail para a universidade que ele vai ser transferido. Acho que tenho que alertar”.
O professor é doutor em linguística, leciona há 20 anos no Centro Pedagógico e trata-se da primeira questão administrativa que enfrenta na UFMG, explica a diretora.

Polêmica na faculdade de direito

Um outro caso de racismo ganhou repercussão nacional nessa semana na Faculdade de Direito da UFMG. Fotos de um trote polêmico realizado por veteranos do curso foram divulgadas em um perfil no Facebook e mostram uma estudante com o corpo pintado com tinta preta, acorrentada e puxada por um universitário “veterano”. A menina ostenta uma placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”, em referência à famosa escrava que viveu em Diamantina no século 18, liberta após se envolver com um contratador de diamantes.
Em outra imagem, um calouro está amarrado a uma pilastra enquanto outros três estudantes fazem uma saudação nazista. Um deles pintou um bigode semelhante ao do ditador alemão Adolf Hitler.

Centro pedagógico

Com 68 anos de existência. O Centro Pedagógico é um “laboratório” para os professores que se formam na UFMG. São somente duas turmas de 50 alunos em cada período, da 1° ao 9° ano do ensino fundamental. A escola funciona em período integral e os alunos são acompanhados, em cada disciplina, por um professor e um monitor, da Faculdade de Educação da UFMG. A seleção dos alunos, a maioria com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo, é feita por sorteio.
Agências, e Estado de Minas Via Pragmatismo Político 


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