terça-feira, 6 de agosto de 2013

Prefeito Daniel aponta série de irregularidades na Prefeitura de Diamante do Norte

Uma das irregularidades apontadas pelo prefeito Daniel é o pagamento de supersalários a médicos do município. Somente em um mês um único médico fez mais de 35 plantões e recebeu R$ 51 mil


Prefeito Daniel e seu vice Alcides durante o anúncio das irregularidades 

Deu no Diário do Noroeste

Há pouco mais de um mês como prefeito de Diamante do Norte, o vendedor autônomo Daniel Domingues Pereira divulgou algumas irregularidades encontradas na máquina pública praticada por gestões anteriores. Entre elas, o pagamento de supersalários a médicos, horas extras e gratificações irregulares a servidores e compra de medicamentos sem licitação.

“Quando nos dispomos a ser prefeito de Diamante do Norte sabíamos que iriamos encontrar problemas, mas não em todos os setores. Nosso plano de gestão deve sofrer atrasos já que nem as certidões negativas estão em dia”, afirmou o gestor.
Uma das irregularidades apontadas pelo novo gestor é o pagamento de supersalários a médicos do município.

Com documento em mãos, o prefeito destacou que somente em um mês um único médico fez mais de 35 plantões. “Esse médico recebeu R$ 51 mil, totalmente em desacordo com a constituição federal que determina que nenhum servidor municipal poderia ganhar mais do que o prefeito”, disse Daniel. O salário de prefeito em Diamante do Norte é de R$ 13 mil, bruto, e dos médicos cerca de R$ 6.500,00. 
Ainda no caso dos médicos, o prefeito apresentou outro dado - a somatória dos plantões de três médicos, em apenas um mês, ultrapassou 117 plantões. “Se fizermos as contas, a possibilidade é de 38 plantões/mês, e era feito uma média de 100 plantões”, afirmou Daniel.

Outra irregularidade apontada pelo prefeito é o pagamento de horas extras e de gratificações funcionais aos servidores sem levar em consideração os critérios impostos pela lei.
“Tínhamos 35 servidores com gratificações especiais, mas exercendo a mesma função, ou seja, não teriam direito a gratificação. Já nas horas extras a carga horária da prefeitura é de 8h diária de segunda a sexta-feira, mas na realidade estavam trabalhando 7h e ganhavam ainda 2h extras todos os dias”, disse Daniel.

O prefeito argumentou que pretende valorizar o servidor com a elaboração do PCCS (Plano de Cargo Carreiras e Salários dos Servidores). Só para se ter uma ideia da distorção salarial, servidores com os vencimentos de R$ 870,00 estavam ganhando cerca de R$ 1.800,00. Detalhe, os funcionários com salário mínimo de vencimento não recebiam nem hora extra nem gratificações, segundo informou ao DN o prefeito.
Daniel argumenta que a regularização do quadro de funcionários e seus vencimentos está sendo feita como determina o TC/PR. “Se eu não fizer o que determina a lei vou responder junto ao Ministério Público e no Tribunal de Contas, que já havia notificado a antiga gestão”, falou o prefeito que disse ainda já ter retirado as gratificações e horas extras dos servidores que não se enquadram para receber os benefícios.

Daniel deu o prazo de 60 dias para que o município regularize suas certidões. “Temos mais de R$ 2 milhões entre emendas parlamentares e recursos de convênio que o município não tem acesso por falta de certidões, corremos os risco de perde este recurso”, afirmou.       

O vice-prefeito Alcides Weiss Sobrinho destacou que somente com as medidas de corte dos supersalários a folha pagamento de pessoal, que era de R$ 551 mil em junho, passou para R$ 449 mil em julho. “Só na folha estamos poupando R$ 102 mil que serão aplicados em outra área da prefeitura, temos que reduzir o índice da folha”.
Como medida de resgate de arrecadação o novo gestor deve apertar o cerco aos devedores do IPTU e ISS na cidade.

“Nosso índice de IPTU atrasado é muito grande, temos que resgatar essa fonte de receita, até porque é uma das determinações do TC/PR”, argumentou Daniel, acrescentando que a prefeitura deve cumprir os prazos estabelecidos pela Lei para cobrança em dívida ativa.
“Primeiro vamos passar com o carro de som alertando os munícipes que estão em débito. O segundo passo, caso não seja regularizada a situação, será de notificar o devedor, e em último caso o devedor será executado judicialmente. O que não podemos é deixar que prescreva o débito com a prefeitura, não é justo com quem paga seus tributos em dia”.
 
Dívidas do município ultrapassam o R$ 3 milhões
Os dados apresentados pelo prefeito Daniel através de um relatório apontam que o município tem uma dívida flutuante de R$ 3.091.655,47 relativa ao exercício de 2012.
São dívidas de restos a pagar desde 1999, entre elas, com o Caixa Previdenciário dos Servidores Municipais, que deixou de receber, segundo o gestor, cerca de R$ 757 mil desde 2009. Ainda de acordo com o prefeito a dívida atual com o Caixa Previdenciário deve ultrapassar a casa dos R$ 2 milhões.
Outras dívidas que constam na relação é com o INSS, de R$ 116 mil. E contas a pagar de 2012 no valor de R$ 2.344.989,99.

“Esse valor ainda não é o real, ainda continuam chegando notas para serem empenhadas. Tenho um caso de um laboratório que apresentou um relatório com 22 vendas realizadas em 2012 sem licitação, totalizando R$ 21.924,64 em medicamentos”, disse Daniel.
Daniel adiantou que todas a denuncias serão encaminhadas para o Ministério Público para serem investigadas. Além do MP o gestor deve enviar um relatório ao TC/PR e Câmara Municipal.
“Essas denúncias devem ser alvo de investigação do MP e ficará a critério dos vereadores abrirem uma CPI (Comissão Parlamentar de Investigação)”, disse o prefeito.

Ex-prefeitos rebatem as acusações     

Os ex-prefeitos Pedro Edvaldo Ruiperes Selani e professor Dilo rebateram algumas acusações do atual gestor de Diamante do Norte.
Os prefeitos Dilo e Pedro, em relação ao pagamento de supersalários a médicos, disseram que a prática de pagamento de médicos acima do salário do prefeito não acontece somente em Diamante do Norte.
“O problema de médicos ganharem mais que o prefeito é antigo e alvo de inúmeras reuniões com técnicos do Tribunal e Contas. Quero ver ele (prefeito) contratar médicos por menos de R$ 13 mil”, disse Pedro.
Em relação ao pagamento das gratificações e horas extras, os ex-gestores foram categóricos em dizer que quem recebia os benefícios é porque tinham direito.

“Eu assumi em 2004 e de lá para cá os funcionários se qualificaram, muitos com faculdades e pós-graduações e mereceram as gratificações. Já as horas extras receberam aqueles que trabalharam fora do horário, entre eles os motoristas do município”, disse Pedro.
No caso das certidões negativas, Pedro admitiu o problema. “O Dilo já estava acertando a questão das certidões, a queda nos repasses do FPM e da arrecadação contribuíram para o bloqueio das certidões”, falou.
Já em relação à dívida flutuante, os ex-prefeito afirmaram que muitas delas foram herdadas de outras gestões. “As dívidas com Caixa Previdenciário, com INSS e os aportes foram herdadas. O gestor que não quer assumir dívidas do município não entre na prefeitura”, alfinetou Pedro. “Nossas contas foram aprovadas com ressalvas, não tivemos nenhuma reprovada”, afirmaram os dois ex-prefeitos de Diamante do Norte.

Entenda o caso

O prefeito Daniel Domingos Pereira e seu vice Alcides Weiss Sobrinho assumiram a prefeitura no último dia 26 de junho, após a cassação do então prefeito Waldir Aparecido Martins (Dilo) e do seu vice Dilso Quebra Rama. Eles tiveram os mandatos cassados sob a acusação de abuso do poder econômico.
A decisão foi tomada pela ministra do Superior Tribunal Eleitoral Laurita Vaz que deu provimento ao recurso eleitoral do MP de Nova Londrina, mantendo a cassação.
De acordo com o ex-prefeito Dilo seus advogados já teriam entrado com o pedido de agravo da sentença, ou seja, o caso agora deve passar pela plenária STE (Superior Tribunal Eleitoral). “Não sei quanto tempo deve demorar se um mês, um ano ou mais, já entramos com o pedido de agravo e agora vamos aguardar a decisão dos ministros”, afirmou Dilo.


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