quinta-feira, 19 de setembro de 2013

EU DEVERIA CENSURAR O BEIJO LÉSBICO ENQUANTO JESUS NÃO CENSUROU O BEIJO DA TRAIÇÃO?

Por Paulino Augusto Peres em seu facebook

EU DEVERIA CENSURAR O BEIJO LÉSBICO ENQUANTO JESUS NÃO CENSUROU O BEIJO DA TRAIÇÃO?

IMAGINEMOS ASSIM: Eu, Paulino, é uma noite de domingo, estou em uma igreja pregando atrás de um belo púlpito e de repente algumas lésbicas entram na igreja e começam a se beijar.

PRIMEIRO UMA PERGUNTA: eu ficaria irritado? É claro que eu ficaria, primeiro porque a igreja não é um local onde as pessoas costumam se beijar, segundo, porque seria um ato proposital com a intenção de afrontar a liderança, a comunidade e o pregador (no caso eu), e por último, se trataria de um beijo homossexual, onde na minha formação religiosa é algo inaceitável.

AGORA UMA REFLEXÃO: a minha indignação com a atitude das lésbicas é uma indignação criada em mim pela sociedade. Eu fui domesticado a crer que pessoas não devem se beijar nas igrejas. E elas, estão se beijando em um claro sinal, também de indignação, porque não compreendem o porque o beijo delas é tão detestado pelos grupos religiosos...

ENFIM, UMA MUDANÇA DE MENTE: sai de cena o Paulino religioso e pregador e entra o Paulino crítico e cristão, isto é, aquele que tenta compreender o significado daquele beijo, daquela atitude. Um Paulino que abre mão da minha indignação historicamente produzida para tentar absorver a simbologia daquele beijo homossexual. Surgem assim as problematizações reflexivas.

REFLEXÃO: Porque elas vieram se beijar aqui dentro? É um sinal de protesto? Porque os protestos incomodam? Porque fechar ruas gera atropelamentos por parte daqueles que não concordam com os protestos? Porque beijos lésbicos geram prisões? Porque? O que elas querem? Querem paz ou guerra? Aquelas pessoas nas ruas queriam soluções? Mas como poderiam ter soluções infringindo leis? Os homossexuais são ouvidos? Podem os subalternos falar? Ou melhor, podem os subalternos serem ouvidos? Um beijo vale mais do que mil palavras? Porque Jesus não apontou para o pecado dos soldados e centuriões romanos, entre eles Nicodemos, que eram sodomitas? Porque?

CONCLUSÃO: depois de uma reflexão, o Paulino religioso não quer mais voltar em cena e resta apenas o Paulino cristão. Que não censura, que não chama a polícia, que vence suas diferenças e passa a não se inconformar com um beijo homossexual dentro de um templo evangélico. Logo um beijo, o símbolo do amor, da alegria e da paz. Quem sou eu para fazer guerra por causa de um beijo. Se Jesus não se irritou com o beijo de Judas que marcou a traição, logo eu me incomodaria com um beijo lésbico que a nada trai, nada mente, nada finge. Pelo contrário, um beijo que demonstra a luta de um grupo de pessoas historicamente desprezados que querem apenas serem ouvidos. Querem apenas que suas vozes alcancem ouvidos moucos.


- Paulino Peres - Graduado em história pela UNESPAR-FAFIPA

2 comentários:

  1. Comparar um beijo no rosto (Judas em Jesus) com um beijo Lésbico é um pouco demais não acha? Respeito os homossexuais completamente. Assim comos o heteros eles tem direitos mas deveres também. O Templo é para se adorar a DEUS, seja ele Evangélico, Católico... Tudo tem a sua hora, e na hora do culto, é hora de cultuar a Deus e não troca de carícias.

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