quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Argentinas corajosas posam nuas para financiar mamógrafo de hospital público

A coragem das argentinas que posaram nuas para ajudar um hospital público. Além da compra do equipamento, grupo quer enviar a outras mulheres a mensagem de que devem se aceitar como são, sem plásticas ou “marcadas pela vida”



Natalia Ollarce quis posar com asas de borboleta. Para ela, sinônimo de libertação (Reprodução)

Sessenta mulheres na Argentina decidiram posar nuas para financiar a compra de um mamógrafo para um hospital público da região da Patagônia.

Além da compra do equipamento, o grupo, composto por donas de casa, comerciantes, arquitetas, professoras, publicitárias e funcionárias públicas da cidade de Villa la Angostura, na Patagônia, quer enviar a outras mulheres comuns a mensagem de que devem se aceitar como são, sem plásticas ou “marcadas pela vida”.

Por trás câmeras e do projeto, batizado de ‘Mujer en amor’ (‘Mulher com amor’, em tradução livre), está a fotógrafa Paola Pierini.

“Queríamos mostrar as mulheres como elas são e transmitir a ideia de que podem ser felizes com seus corpos”, disse ela à BBC Brasil.
“Alguém que está preocupada com imagem tem até o prazer afetado na hora do sexo”, afirmou.

Calendário

As fotos de 12 mulheres, com idades entre 25 e 60 anos, vão ilustrar um calendário 2014 que será lançado no mês que vem. Elas esperam arrecadar US$ 70 mil (R$154 mil) com as vendas, que serão destinados à compra do mamógrafo para o hospital Oscar H. Arraiza.


As outras imagens estarão disponíveis na página do projeto no Facebook, por meio da qual Pierini convocou as modelos.

“Foram três meses, desde a convocação até a realização das fotos”.
Segundo ela, a iniciativa atraiu mulheres “que chegaram em um momento da vida em que querem se reafirmar e dizer a outras que se amem e se sintam bem com o próprio corpo”.

A ideia inusitada atraiu mulheres não só do local, como também da capital Buenos Aires e do Chile, disse Pierini. Mas o calendário reúne apenas as moradoras de Villa la Angostura, ponto turístico no sul do país.

‘Amor a si mesma’

A arquiteta Susana Requena, de 60 anos, viúva, mãe de três filhos e avó, contou que foi a primeira vez que tirou a roupa diante de uma câmera.

“Gostei da ideia de mostrar como somos, com estrias, com as marcas da vida e do tempo”, disse.
Ela foi submetida a uma mastectomia há dez anos, mas não realizou cirurgia reparadora do seio.

“Sou uma das mulheres marcadas pela vida porque me falta um seio. E isso é difícil. Posar (para o calendário) foi uma oportunidade de ser feliz comigo mesma”, disse, rindo.

“Foi como voltar a ter harmonia com meu corpo”, afirmou.


Antes de posar, ela conversou com os filhos que moram na Inglaterra, na Costa Rica e em Buenos Aires. “Eles me deram a maior força, já viram a foto e gostaram muito”.

Muitas modelos só se conheceram no dia da sessão de fotos, em um hotel da cidade.
“Mas foi muito divertido. E hoje, meus clientes me parabenizam”, disse Requena.

Marido

A dona de casa Natalia Ollarce, de 30 anos, e mãe de três filhos, contou que no início o marido não gostou da ideia, mas acabou lhe ajudando a desenhar as asas de borboleta que ilustram sua foto desnuda.

“Somos reais e poucas vezes vemos mulheres como nós mesmas na televisão”, disse.
E por que as asas? “Imaginei asas de borboleta, como símbolo de libertação”, respondeu, acrescentando que outras mulheres vão se identificar com a ideia.

Além do calendário, elas também foram filmadas para um vídeo de promoção que será exibido no dia do lançamento do calendário.

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