domingo, 1 de dezembro de 2013

Por que a oposição está tão mal no Datafolha e Dilma tão bem?

Não há retrato mais pungente da perda de influência da grande mídia do que o novo Datafolha.

Com todo o barulho feito em torno das prisões do Mensalão, com todas as acusações contra o possível novo emprego de Dirceu, com toda a promoção de antipetistas como Joaquim Barbosa – com tudo isso, Lula e Dilma aparecem distantes, absolutamente distantes, dos demais concorrentes.

Os donos das empresas de jornalismo deveriam se perguntar onde estão errando. Ao mesmo tempo, poderiam cobrar mais eficiência de seu exército de colunistas pagos para conseguir o efeito oposto do que as pesquisas apontam.

Tenho uma pista.

Quando você exagera na dose dos ataques gera um sentimento de revolta nas pessoas. Ao contrário do que você pretende, o atacado passa a ser visto como um injustiçado, uma vítima.

É o que pode estar acontecendo agora. A não ser os fundamentalistas que abominam qualquer coisa de esquerda, as demais pessoas acabaram se sensibilizando com a cruz carregada por Genoino, por exemplo.

E isso se traduz em mais apoio ao PT, ou repúdio aos agressores. Poucos dias atrás, o PT anunciou que as adesões tinham aumentado significativamente.

É notável a miopia da oposição. Ou a burrice, simplesmente.

Os protestos de julho – os reais, contra a desigualdade – mostraram que a sociedade quer mais ação social.

Os candidatos da oposição não entenderam a mensagem, exceto, em certa medida, Marina. Mas mesmo ela está enroscada com Eduardo Campos, numa aliança de ocasião em que não parecem grandes as chances de ela sair candidata.

Os oposicionistas deveriam prestar atenção no Papa Francisco: ele captou o zeitgeist, o espírito do tempo, e está falando o que o mundo quer ouvir. Por exemplo, que não dá mais para aceitar tão poucos ricos e tantos pobres.

Mas não. Os líderes da oposição preferem ouvir os Frias, os Marinhos, os Civitas.

Ganham com isso espaço numa mídia que cada vez menos influencia os brasileiros.

Poderão morrer, oposição e mídia, abraçados, num mútuo afogamento que poucas pessoas haverão de chorar.


Paulo Nogueira

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