sexta-feira, 28 de março de 2014

Polícia de SP mata 3 vezes mais negros do que brancos, diz estudo

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos realizaram uma pesquisa inédita sobre o racismo na ação da Polícia Militar paulista. Os dados obtidos em entrevistas com policiais, observação das abordagens e análise de dados estatísticos mostram que os policiais matam e prendem mais pessoas negras do que brancas.


Em fevereiro de 2014 um estudo da Ong Sou da Paz noticiou que os homicídios são causa número um de morte não natural de negros em São Paulo, enquanto, no caso dos brancos, acidentes de trânsito são a principal ‘causa externa’. Agora são os pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos que vem reafirmar a barbárie racial que vivenciamos cotidianamente: A polícia de São Paulo mata quase 3 vezes mais pessoas negras que pessoas brancas; São os policiais brancos a maior parte dos assassinos; A taxa de prisões em flagrante de negros é duas vezes e meia maior que a de brancos.

Em entrevista a um jornal, a coordenadora da pesquisa, Jacqueline Sinhoretto, diz que existe um “racismo institucional”. “Não é que o policial como pessoa tenha preconceito. É o modo como o sistema de segurança pública opera, identificando os jovens negros como perigosos e os colocando como alvos de uma política violenta, fatal”.

A pesquisa será apresentada em dois eventos: Na próxima terça-feira (1º/4) no evento “Quartas Sociológicas”, às 10h no Auditório do CECH, AT2, na UFSCar, cidade de São Carlos-SP. Na quarta-feira (2) na Escola da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, capital de SP, às 09h30.

Pesquisa da UFSCar aponta desigualdade racial na ação da PM em SP
Coordenada pela Profa. Dra. Jacqueline Sinhoretto, do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos (GEVAC) do Departamento de Sociologia da UFSCar, a pesquisa analisou Inquéritos Policiais que versam sobre mortes cometidas por policias e que são acompanhados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e ainda dados obtidos junto à Secretaria de Segurança Pública. Além disso, foram entrevistados oficiais e praças da PM.

A pesquisa descobriu que em São Paulo, nos anos de 2010 e 2011, entre as vítimas de mortes cometidas por policiais, 58% são negras, ao passo que na população residente do estado o percentual de negros é de 34%. Para cada grupo de 100 mil habitantes negros, foi morto 1,4, ao passo que, para cada grupo de 100 mil habitantes brancos, foi morto 0,5. Segundo a coordenadora da pesquisa, estes números deixam evidente a ausência de políticas de segurança pública para a população negra, que culmina nas altas taxas de mortalidade por homicídio neste grupo.

Além da produção da desigualdade racial na letalidade policial, a pesquisa constatou ainda que a vigilância policial é operada de modo racializado. Em São Paulo, a taxa de flagrantes de negros é mais que o dobro da verificada para brancos. Também segundo Sinhoretto, estes dados expressam que a vigilância policial privilegia as pessoas negras e as reconhece como suspeitos criminais, flagrando em maior intensidade as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam de menor vigilância da polícia para suas atividades criminais.

Para saber mais: segurancaerelacoesraciais@gmail.com

Fonte: negrobelchior.cartacapital.com.br

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