O povo colombiano vai às urnas neste domingo (15) para
decidir em segundo turno quem presidirá o país nos próximos quatro anos.
A Colômbia viveu uma agitada semana às vésperas das eleições
presidenciais nas quais se decidirá os destinos do país, em especial a
continuidade dos diálogos de paz com as forças guerrilheiras.
Como haviam advertido analistas, líderes políticos e
dirigentes de movimentos sociais, as alianças dos partidos cujos candidatos não
passaram ao segundo turno, a favor de um dos candidatos desempenhariam um papel
importante.
De um lado e do outro, o presidente Juan Manuel Santos - que
busca sua reeleição - e Oscar Iván Zuluaga, candidato da coalizão de
extrema-direita Centro Democrático (fundada e liderada pelo ex-presidente
Álvaro Uribe).
À campanha de Santos aderiram, pela esquerda, o partido
União Patriótica, o movimento político e social Marcha Patriótica, o Partido
Progressista, o Opção Cidadã, a presidenta do Polo Democrático, Clara López, e
uma parte da bancada desse agrupamento político.
Igualmente, apoiam Santos 80 por cento da bancada
conservadora e a maioria da Aliança Verde.
Sua candidatura é apoiada também pelas três grandes centrais
sindicais do país: a Central Geral do Trabalho, a Central Unitária dos
Trabalhadores e a Confederação Geral do Trabalho, que representam 90 por cento
do sindicalismo colombiano.
Isto é motivado pelo processo de paz em curso, como elemento
unificador para além das diferenças substanciais com as políticas do governo.
A candidatura de Santos também é apoiada pela Organização
Nacional Indígena, que agrupa 80 por cento dessa população, o setor camponês, a
Federação Colombiana de Educadores, sindicatos operários, artistas e
ex-presidentes, como Belisário Betancurt, Ernesto Samper e César Gavíria, chefe
de sua campanha.
No tema da paz, norte fundamental das eleições deste
domingo, as diferenças entre os dois candidatos equivalem a um abismo.
Santos tem em seu apoio um processo avançado de diálogo com
a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com três
acordos assinados, qualificados de históricos pela comunidade internacional.
São acordos sobre o desenvolvimento agrário integral, a
participação política e a solução ao problema das drogas ilícitas.
A isto se soma o mecanismo implementado para agilizar,
mediante duas mesas paralelas, o debate dos dois pontos pendentes na agenda de
cinco pactuada no início dos diálogos: o tema das vítimas, com a participação
direta destas nos diálogos de Havana e 10 pontos reitores para desenvolver a
discussão, e o fim do conflito em si.
Como complemento, o anúncio de conversações exploratórias
com o Exército de Libertação Nacional, visando a realizar diálogos de paz, que
mereceu um respaldo internacional unânime.
Zuluaga, ao contrário, declarou que seu objetivo é endurecer
a postura contra as Farc, impor-lhes suas condições, depois de empenhar-se em
negar a existência de um conflito armado de mais de meio século, que prefere
denominar de ataque terrorista.
As cartas estão sobre a mesa. As pesquisas tradicionais
indicaram, indistintamente, níveis flutuantes na intenção de votos nos dois
candidatos e ainda permanece uma margem imprevisível de abstenção ou voto em
branco.
Os debates presidenciais, multiplicados desde finais da
semana passada, caracterizados pelas diferenças - dos quais na última
quarta-feira Zuluaga se retirou alegando uma inflamação aguda da laringe -
puseram em relevo algumas propostas capazes de inclinar a balança na eleição.
Uma dessas propostas de Santos foi substituir, caso se
alcance a paz, o serviço militar obrigatório por um serviço social para todos
os estratos, depois de argumentar que o primeiro desses recai agora apenas
sobre os mais pobres.
Dessa maneira, agregou, os integrantes de todas as camadas
socioeconômicas confluiriam em uma causa a favor dos mais vulneráveis e
prestariam um serviço social nas regiões mais pobres.
Ao opinar sobre o panorama eleitoral, o analista político
Alfredo Molano manifestou que "Santos tem muitas credenciais a mostrar a
favor da paz e, ao contrário, seu opositor não tem nada que mostrar diferente
da guerra".
"Zuluaga só nos mostrou agressividade e um passado
sangrento que todos os colombianos lamentamos e que todos de alguma maneira
sofremos", agregou.
Prensa Latina; tradução da redação do Vermelho
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