sexta-feira, 20 de junho de 2014

Dez anos sem Leonel Brizola


Por Daniel Coronel

No dia 21 de junho completam-se dez anos do falecimento do ex-governador Leonel Brizola, que, indubitavelmente, foi um dos grandes estadistas brasileiros e  inspira ainda uma fiel legião de seguidores e admiradores que querem e lutam por um país mais próspero, fraterno, democrático  e soberano.

Brizola, ao longo de sua intensa vida política, deixou várias marcas e ações em prol da democracia e do povo brasileiro: em 1961, liderou a Campanha da Legalidade, a qual foi fundamental para o respeito à ordem e à Constituição, ao garantir a posse de João Goulart, em detrimento de subterfúgios e ações golpistas; em 1964, lutou até os últimos instantes para que o presidente Goulart resistisse ao golpe militar em curso; após quinze anos de exílio, foi, juntamente com Darcy Ribeiro, o idealizador dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), os quais foram fundamentais para que centenas de crianças tivessem uma educação de qualidade. Também foi bem o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense Além disso, prestou a maior homenagem à cultura autóctone do país com a criação do Sambódromo, em 1984.

Com a redemocratização do país, candidata-se, em 1989, à presidência da República e, por menos de 1% dos votos, não disputou o segundo turno. Porém, em um gesto de grandeza e amor à Pátria, apoia, no segundo turno das eleições presidenciais, a candidatura Lula, em detrimento da de Collor, por entender que, mesmo com colossais e significativas diferenças entre os ideais trabalhistas e os do Partido dos Trabalhadores (PT), naquele momento era o melhor caminho para a população mais pobre chegar ao poder.

Nos seus últimos anos de vida, embora não tivesse o mesmo prestígio político e a capacidade  de arrastar multidões em seus comícios, como nas duas vitórias para o governo do Rio de Janeiro, não se deixou abater e seguiu fiel aos seus princípios e ideais trabalhistas, aproveitando todas as oportunidades que tinha para dar o seu recado e marcar posição. Prova disso é que, uma noite antes de seu falecimento, embora já acamado, estava articulando e discutindo sua possível eleição à prefeitura do Rio de Janeiro.

Com certeza, Brizola não foi em vida e não será depois de sua partida uma unamidade, mas foi um líder que inegavelmente  faz falta, não apenas porque, em toda sua vida pública, jamais se envolveu em nenhum escândalo de mau uso do erário público (embora a ditadura militar esmiuçasse e investigasse toda suas ações, jamais encontrou alguma ação que desabonasse sua conduta), mas por manter-se sempre fiel e coerente ao nacional desenvolvimentismo e por entender que a educação é o caminho mais seguro para termos um país mais justo, fraterno e soberano.

Enfim, passados dez anos de sua partida, mais do que nunca são pertinentes as palavras de Bertold Brechet: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.

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