Palestinos carregam crianças mortas em um bombardeio israelense contra casa de uma família de civis palestinos na Faixa de Gaza
Foto/Opera Mundi
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Fica claro que, apesar dos pretextos apontados pelo governo
racista e extremista de Benjamin Netanyahu, o objetivo de Israel é prejudicar e
impedir a consolidação do governo de unidade nacional, anunciado após a
reconciliação entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o
Hamas, partido islâmico à frente do governo de Gaza desde a ruptura política
intrapalestina, há sete anos. O governo israelense classifica o Hamas e
qualquer outra resistência armada de “terrorista”, na busca por deslegitimar
qualquer força que se contraponha ao seu regime de dominação e genocida que já
dura quase sete décadas.
É assim que o governo israelense justifica os frequentes
ataques aéreos que matam inúmeros civis, o bloqueio completo de Gaza – que
empobrece sistematicamente uma população de quase dois milhões de palestinos em
um território de menos de 400 quilômetros quadrados, em contínua crise
humanitária – e a ocupação militar da maior parte da Cisjordânia.
A controvérsia entre notícias de movimentos judaicos pelo
mundo e em Israel apelando pela paz, contra a ocupação, por um lado, ou pela
dizimação dos palestinos e de árabes, em geral, por outro, é reveladora, mas a
violência dos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental,
territórios palestinos, com a conivência dos soldados da ocupação, não é
novidade. Entretanto, a morte de três jovens colonos foi usada pelos líderes
políticos e religiosos para instigar uma nova forma de ódio, racismo e
discursos ultranacionalistas assombrosos. No outro sentido, as mortes de
dezenas de palestinos nas mãos dos soldados e o encarceramento de centenas,
inclusive crianças, além do assassinato brutal de um adolescente por “judeus
extremistas”, como denominados por oficiais israelenses, levam vozes nacionais
e mundiais contra a ocupação a elevarem-se.
Mais uma vez, porém, a resposta é ineficaz. A ocupação sobre
a Cisjordânia intensifica-se e os bombardeios contra Gaza batem diferentes
recordes a cada dia. O número de mortos em seis dias alcançou a cifra de
vítimas da última grande operação, que durou oito dias, em 2012. Ainda assim, o
governo israelense afirma, minimizando a violação flagrante e brutal do direito
internacional humanitário – com os ataques deliberados a residências e outros
alvos civis, por exemplo –, que não pretende responder aos tímidos apelos da
chamada “comunidade internacional” por um cessar-fogo.
As potências encenam “grave preocupação” e até reúnem-se
para debater a questão, mas a impunidade de Israel frente às violações do
direito internacional é histórica, duradoura e conta com a proteção
incondicional, principalmente, dos Estados Unidos, que vetam qualquer
condenação sugerida no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
mantendo seu compromisso com o Estado sionista, que propaga uma ideologia
racista, sustentáculo do regime israelense e exerce a ocupação sobre a
Palestina utilizando métodos brutais. Enquanto a tendência de isolamento de
Israel no cenário internacional é praticamente palpável, a resposta mundial
ainda é insuficiente.
As autoridades israelenses continuam acusando os palestinos
de serem responsáveis por seu próprio sofrimento, enquanto os palestinos, que
já reconheceram Israel em 1988 e concederam àquele Estado quase 80% dos seus
territórios, continuam submetidos à ocupação e ao bloqueio, “punidos
coletivamente” – como afirmou o Conselho de Direitos Humanos da ONU – pelo que
Israel resolver alegar. São sujeitos aos bombardeios e às grandes operações que
vitimam toda a nação e a possibilidade de libertação, independência e
autodeterminação, uma promessa da “comunidade internacional” cuja postergação é
a maior causa do sofrimento palestino.
Fonte: Portal Vermelho
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