Carta Maior - O Portal da Esquerda
Por Najla Passos
Encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo, a
última pesquisa do Instituto Datafolha sobre a sucessão presidencial, divulgada
na noite de quinta (17), mostra um cenário eleitoral cada vez mais polarizado,
mas ainda indefinido o suficiente para que não seja possível afirmar, com
certeza, nem mesmo se haverá 2º turno.
Portanto, o destaque para o empate técnico entre a
presidenta Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) eventual
prorrogação, calcado em uma diferença de 4%, soa, no mínimo, como uma escolha
bastante “singular” entre tantas outras possíveis. Confira oito outras
manchetes que esses veículos poderiam ter optado por usar, sem desrespeitar
nenhuma das normas do bom jornalismo!
1 – Dilma tem mesmo percentual de votos que todos os seus 10
adversários somados
Se as eleições fossem hoje, todos os dez adversários da
presidenta Dilma Rousseff (PT), somados, conquistariam o mesmo percentual de
votos do que ela, sozinha: 36%. Aécio Neves (PSDB) tem 20%. Eduardo Campos
(PSB), 8%. O pastor Everaldo Pereira (PSC), 3%. José Maria (PSTU), Luciana
Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Rui Costa Pimenta (PCO), e Eymael (PSDC), 1%
cada. Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB), não atingiram nem 1%. A margem de
erro da pesquisa é de 2%, para mais ou para menos.
2 – Eleição pode ser definida no 1º turno
Ao noticiar a nova pesquisa Datafolha, a Folha de S. Paulo
destaca que Dilma mantém a liderança, mas empata com Aécio no 2º turno. De
fato, a pesquisa mostra que, na prorrogação, a presidenta venceria o senador
por margem de voto considerada dentro da margem técnica: 44% a 40%. Mas, de
acordo com o próprio Instituto, ainda não é possível saber sequer se haverá 2º
turno. Na estimulada, os indecisos são 14%, número suficiente para eleger Dilma
no primeiro tempo, caso se convençam que ela é a melhor candidata. Na
espontânea, o peso dos indecisos é ainda maior: são 54%, contra os 22% que
votariam em Dilma, os 9% que preferem Aécio e os 2% que optam por Campos.
3 – No 2º turno, Dilma pode vencer Aécio por margem de 8%
Na simulação de 2º turno entre Dilma e Aécio, como já foi
dito, ela fica com 44% das intenções de voto e ele com 40%. Considerando os 2%
da margem de erro para menos, no caso dela, e para mais, no caso dele, ambos
estão empatados. Mas e se for considerado o contrário: os 2% para mais, no caso
dela, e para menos, no caso dele? Dilma, então, venceria com 8 pontos
percentuais de diferença.
4 - Pesquisa desconsidera o “fator Lula”, que agrega, e o
“fator FHC”, que prejudica
Em pesquisa realizada em junho, o mesmo Datafolha apurou que
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal cabo eleitoral do país:
36% dos eleitores votariam “com certeza” em um candidato apoiado por ele,
enquanto 24% talvez votassem. No extremo oposto está o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso: 57% dos eleitores afirmaram que não votariam “de jeito
nenhum” em um candidato apoiado por ele. Estrategicamente ou não, nesta última
pesquisa encomendada pelos dois veículos, o Datafolha esqueceu de apurar a
influencia dos dois ex-presidentes na eleição.
5 - Início do horário eleitoral gratuito tende a favorecer
candidatura de Dilma
De maio para cá, Dilma e Aécio vem se mantendo estável nas
pesquisas, como comprova a série histórica. Só que ele conta com o apoio da
mídia, enquanto ela, ao contrário, está sob ataque permanente. Com o início do
horário eleitoral gratuito, no mês que vem, Dilma passará a ter acesso ao
público que, até agora, só escuta notícias negativas contra ela no rádio e,
principalmente, na televisão. Portanto, a tendência é de crescimento da sua
candidatura.
6 - Eleitores que avaliam o governo Dilma como regular podem
decidir a eleição
Na pesquisa espontânea, 62% dos eleitores que consideram o
governo Dilma regular ainda não sabem em quem votar. Sobre eles, é relevante
considerar que as mulheres estão muito mais indecisas do que os homens, que há
mais indecisos no Sul do que em outras regiões do país e, principalmente, que
há mais indecisos na base potencial de Dilma: entre os mais pobres e os que só
cursaram o ensino fundamental. Na estimulada, considerando o mesmo grupo,
apenas 30% declararam ter a intenção de votar nela. Percentual parecido, 31%,
diz que não votam na presidenta de jeito nenhum. Portanto, sobram expressivos
39% para terem seus votos conquistados pelos candidatos! Na simulação de 2º
turno, 43% votariam em Aécio e 40%, na presidenta, mais um empate técnico pelos
critérios do Datafolha.
7 – Pesquisa Datafolha mostra que Copa e política não se
misturam
Apesar do empenho da oposição e da mídia, o péssimo
desempenho da seleção brasileira em campo não influenciou a sucessão
presidencial, ainda que o eleitor possa ter uma percepção diferente sobre o
assunto. Considerada a margem técnica de 2%, todos os candidatos mantém o mesmo
percentual de intenção de votos registrado na pesquisa anterior, realizada no
início de julho. Dilma Rousseff (PT) variou de 38% para 36%, Aécio Neves (PSDB)
manteve seus 20% e Eduardo Campos (PSB) oscilou de 9% para 8%. A pergunta
veiculada pela revista Veja da última semana está respondida.
8 - Vaias contra Dilma na Copa refletem insatisfação
localizada
O Brasil possui cinco regiões. Mas, das seis cidades-sedes
da Copa, três estavam localizadas naquela em que a presidenta é menos popular:
o sudeste. Não por acaso, foi sempre no sudeste que parcela da torcida se
manifestou contrária à presidenta: Itaquerão (SP), Mineirão (MG) e Maracanã
(RJ). Em números do Datafolha, 28% dos eleitores do sudeste preferem Dilma,
enquanto 27%, Aécio e 6%, Campos. No restante do país, a situação é diversa. O
extremo oposto é o nordeste, onde 49% dos eleitores têm a intenção de votar em
Dilma, 12% em Campos e 10% em Aécio.
Via Blog do Saraiva
Via Blog do Saraiva
Nenhum comentário:
Postar um comentário