quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Evo Morales lidera e vence no 1º turno na Bolívia, diz pesquisa

A menos de um mês das eleições bolivianas, pesquisa mostra vitória de Evo Morales no primeiro turno. Vantagem é de 40 pontos sobre o segundo colocado
Pesquisas indicam que Evo Morales deverá ser reeleito na Bolívia ainda no 1º turno (divulgação)
O presidente da Bolívia, Evo Morales, do MAS (Movimento ao Socialismo), que concorre a um terceiro mandato nas eleições de 12 de outubro, tem 54% das intenções de voto, contra 14% do principal opositor, Samuel Doria Medina, da UD (Unidade Democrata). A pesquisa foi realizada pela empresa Equipos Mori, encomendada pelo jornal El Deber, de Santa Cruz de la Sierra.

O mandatário lidera a corrida presidencial em todos os departamentos bolivianos, incluindo Santa Cruz – região mais desenvolvida economicamente e que em 2007 liderou um movimento separatista –, onde tem 47% dos votos, contra 24% de Medina, e em Beni, nicho eleitoral da oposição, onde tem 36% contra 27%.
O levantamento foi realizado entre os dias 1º e 13 de setembro com 2.410 pessoas maiores de 18 anos. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. A Constituição boliviana diz que um candidato não precisa ter a maioria absoluta nas eleições para vencê-la no primeiro turno, sendo necessário somente ter 10 pontos de diferença sobre o segundo colocado.

Assim, o mandatário seria reeleito com folga no primeiro turno. Mais de seis milhões de eleitores deverão comparecer às urnas no dia 12 de outubro para escolher presidente, vice-presidente, 36 senadores e 130 deputados.

Além de Evo e Medina, outros três candidatos disputam a presidência: Jorge Quiroga, do Partido Democrata Cristão, com 7% das intenções de voto; Juan del Granado, do Movimento sem Medo, com 3%, e Fernando Vargas, do Partido Verde, com 1%.

A alta aprovação da gestão Morales é creditada pelo boliviano Katu Arkonada, da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, às obras realizadas no país, como construção de estradas, escolas, aeroportos, implantação de gás doméstico, “à melhora das condições materiais decorrentes da nacionalização dos hidrocarbonetos e a redistribuição da riqueza”, escreveu em artigo publicado pela Adital. Arkonada também menciona o aumento real do salário mínimo como política positiva que se reflete na popularidade do líder indígena.

O caráter “desenvolvimentista” de Evo, no entanto, provocou críticas de alguns setores indígenas que o acusam de querer acabar com o caráter autonomista outorgado aos povos originários pela Constituição do país.

Samuel Doria Medina

Economista e empresário do setor de cimento, o principal opositor de Evo Morales concorre à presidência pela terceira vez. Nas propostas de governo, a mais controversa defende a iniciativa privada e propõe uma repartição igualitária com o Estado dos lucros gerados pela exploração, utilização, transporte e comercialização de recursos naturais. De acordo com sua própria definição, é um candidato de centro-esquerda.

Na adolescência, Medina militou no MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária), de quem era o “ideólogo econômico”. Foi ministro de Planificação do governo de Jaime Paz Zamorra (1989-1993). Após a adoção de políticas para a abertura da economia ao mercado e privatizações, ocupou cargos no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O partido Unidade Democrata, criado por Medina, propõe a criação de uma frente ampla para derrotar o MAS nas urnas, por considerar o partido de Evo esgotado.

Outro aspecto controverso da campanha está o posicionamento de Medina sobre a folha de coca. Considerada sagrada e parte integrante da cultura andina, Medina propõe “aplicar uma estratégia antidroga desde a produção até o consumo, capaz de oferecer soluções (…), gerando alternativas à plantação de folha de coca”. Movimentos de cultivadores da planta temem que, com uma possível eleição de Medina, a Administração para o Controle de Drogas (DEA) volte a operar no país. Ela foi expulsa em 2013 por Morales.

Nos últimos três anos, o cultivo de coca na Bolívia se reduziu 26%, segundo relatório da agência das Nações Unidas contra as drogas e o delito, a UNODC.
Vanessa Martina Silva, Opera Mundi


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