terça-feira, 28 de outubro de 2014

Os grandes micos da eleição

Morador de aglomerado de BH deixa Aécio no "vácuo" durante caminhada

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Passada a eleição, é hora de selecionar os grandes “micos” dessa campanha eleitoral que mobilizou ódio e preconceito – por fim, derrotados na urna.


Faço aqui uma breve lista, mas gostaria que os internautas ajudassem a completá-la.

1) Marina Silva

Ganhou, disparado, o grande troféu de mico eleitoral. Sorriu sobre o caixão de Eduardo Campos em agosto. Depois, terceirizou sua campanha ao Itaú, enquanto se apresentava como “terceira via”… No fim, desmontada pelos fatos, soltou os cabelos numa cerimônia constrangedora de adesão a Aécio Neves.

Marina destruiu dois partidos (PSB e Rede), e avacalhou sua própria história.

Derreteu quando fugiu do debate com Dilma no primeiro turno. Raivosa, apoiou Aécio no segundo turno.

Ao lado do tucano, perdeu a eleição e a pose.

2) Sensus e Istoé

Quando todas as pesquisas, na reta final, já davam Dilma em primeiro lugar, o instituto Sensus produziu estranhíssimos levantamentos que indicavam Aécio até 15 pontos na frente. É, nitidamente, caso para investigação policial. A revista “Istoé” arrastou-se na lama publicando as pesquisas aecistas.

Mas pior foi ver o Estatístico que dirige o instituto afirmar: “rasgo o meu diploma se a pesquisa estiver errada”. Aguarda-se agora que ele cumpra a promessa de campanha.

3) Lobão e Mainardi

O roqueiro prometeu ir embora do Brasil se Dilma ganhasse.

Mais um que faz promessas só para iludir o povo. Diante da derrota, o ex-roqueiro declarou que voltava atrás – frustrando milhões de brasileiros que já se cotizavam para pagar o bilhete aéreo do rapaz.

Lobão recebeu, na última hora, a companhia do moço que trabalhava na “Veja” e fugiu para Veneza. Diogo Mainardi prometeu que se jogaria pela janela se Dilma vencesse. Até agora, não cumpriu a promessa.

4) “Veja” e a classe média paulista

A revista da marginal lançou-se com fúria infantil na campanha. Às portas da falência, apostou tudo na eleição de Aécio Neves – produzindo uma capa que atendia aos interesses tucanos.

A capa virou panfleto nas mãos da furiosa classe média paulista – que na tare de sábado (25/outubro) distribuía o material em uma desesperada passeata na avenida Paulista.

A mesma classe média espalhou boatos de que o doleiro Youssef (principal “fonte” da revista) teria sido “envenenado pelo PT”. Era mentira.

“Veja” e a classe média conservadora acabaram por se afogar no próprio ódio.

A revista da marginal pagou o mico de publicar um direito de resposta do PT em seu sítio eletrônico – por ordem do TSE.

Já a classe média conservadora pagou o mico de terminar a eleição espalhando mensagens preconceituosas pelas redes sociais – contra o Nordeste.

Detalhe: a derrota de Aécio não se deu no Nordeste. Mas no Rio e em Minas.

5) A viúva de Pernambuco

A família de Eduardo Campos mergulhou na campanha de Marina (e, depois, de Aécio) de forma abrupta. Filhos e viúva foram os primeiros a desrespeitar o luto.

Pagaram o mico duplo: usaram o cadáver na campanha, o que não impediu uma derrota humilhante no segundo turno.

Entre a exploração mórbida da memória de Eduardo e o reconhecimento ao ex-presidente Lula, o povo pernambucano ficou com o segundo.

6) “O povo não é bobo…”

A Globo de Ali Kamel iniciou o segundo turno descarregando o escândalo da Petrobras sobre Dilma. A família Marinho imaginava que ali decidiria a eleição. Mas Dilma resistiu – bravamente.

A capa da “Veja”, na véspera do segundo turno, mostrou uma Globo já mais vacilante.

Na sexta-feira (24/outubro), Ali Kamel fugiu do assunto – temendo que Dilma desmascarasse a Globo no debate ao vivo que aconteceria naquela noite. E Dilma mandou mesmo recado no debate, quando abriu sua resposta sobre a revista com a frase: “o povo não é bobo…”.

No sábado antes da eleição, a Globo entrou no assunto – de forma covarde. Dilma já não teria como responder. Mas o JN não teve o mesmo ímpeto de outras eleições. Mostrou-se fraco.

Quando Dilma fazia o discurso da vitória no domingo, com transmissão ao vivo, a platéia interrompeu: “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.

Dilma manteve um meio sorriso no rosto. O áudio vazou no ar, inclusive na Globo.

Mais um mico para a coleção de Ali Kamel (diretor de Jornalismo da emissora) – que se dedica a processar blogueiros, enquanto vê a audiência da TV despencar.

7) “Vamos conversar? Não, obrigado…”

Aécio foi um candidato competitivo. Agressivo demais em alguns momentos.

Mas mostrou coragem, ao defender o legado de FHC, e ao reconhecer a vitória de Dilma de maneira republicana e tranquila.

Mas, do ponto de vista visual, o grande mico da eleição foi a foto que abre esse texto.

Aécio iniciou a campanha com o mote “vamos conversar”. Os ricos e remediados toparam falar com ele. E votaram nele.

Mas Aécio jamais conseguiu chegar aos pobres. Na visita a uma comunidade em BH, um morador recolheu a mão quando o candidato estendeu a dele para o cumprimento.


Mico registrado para a posteridade.

Mico tão grande quanto perder a eleição em Minas – onde ele esperava uma vitória “consagradora”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário