sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ótima análise da reaproximação entre EUA e Cuba


"Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou", disse Obama na quarta-feira. E ele está certo. É verdade que a ilha de Fidel é pobre, tem sérios problemas de infraestrutura e possui uma economia pouco dinâmica. Nada muito diferente dos países ao seu redor, como o Haiti, a República Dominicana ou a Nicarágua. Mas Cuba fez uma escolha, optou pela saúde, pela educação, por zerar a miséria extrema. Em Cuba não há crianças famintas, como nas favelas cariocas ou nos subúrbios de Detroid. Na ilha, todo filho estuda e todo pai trabalha. E quem traz essas informações para o público são organizações democráticas reconhecidas pela sua isenção e muitas vezes financiadas pelos EUA, como a ONU.
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Cuba não é um país igualitário como seria de se esperar. Tem inúmeras contradições, principalmente na capital Havana, onde há cubanos enriquecidos pelo turismo e hospitais sucateados (novamente aqui, nada de novo para nós). Mas, engana-se quem acha que a romântica ilha do socialismo caribenho vá muito se favorecer dessa reaproximação com os EUA. Ao contrário do que a maioria pensa, os cubanos tem acesso à computadores vietnamitas, à modernos transportes chineses e à internet venezuelana. O maior ganho para eles talvez seja o regresso de Gerardo Hernández, Ramón Labañino e Antonio Guerrero, 3 dos 5 heróis cubanos que lutavam contra o terrorismo na Flórida e foram responsáveis por desarticular vários atentados que seriam cometidos por compatriotas exilados contra escolas e hospitais na ilha.

Para os americanos, esse gesto é como abrir os olhos após o maior trauma da Guerra Fria. Mas, para aproveitar dessa reaproximação, é necessário que Obama entenda que tem muito a aprender com Raul Castro e sua política interna. Liberar a compra de rum e charuto e favorecer o turismo de americanos endinheirados às praias de Varadero não é suficiente, é persistir no erro. O bloqueio econômico (essa enorme contradição capitalista) deve ser suspenso imediatamente, a começar pelo exportação de produtos como fármacos e papel, essenciais para a produção de remédios para os enfermos e de cadernos para os estudantes. E Cuba deve ser admitida em todos os organismos multilaterais locais e mundiais, para que a voz de seu povo seja ouvida pela comunidade internacional. Grandes momentos se aproximam na América Latina, vamos acompanhando.

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