quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Declarações do Papa em apoio aos mais pobres incomodam bilionário americano

Bilionário norte-americano ameaça parar com doações caso o Papa Francisco continue a criticar o capitalismo e discursar em defesa dos mais pobres


O bilionário Kenneth Langone, fundador da Home Depot, empresa varejista norte-americana de produtos para casa, enviou um aviso ao Papa Francisco durante uma entrevista no canal CNBC: pessoas “como ele” estão se sentindo ofendidas com as mensagens do Vaticano em apoio aos mais pobres.
Para completar, disse que se o Pontífice continuasse a fazer declarações contra o capitalismo, ele iria parar com as doações que realiza.

Em um discurso realizado no Brasil em julho, o Papa Francisco pediu para “aqueles que têm posse de grandes recursos” não pararem de lutar por um mundo mais justo e solidário. “Ninguém deve se manter insensível em relação à desigualdade que enfrentamos”, afirmou Francisco.

Conservadores incomodados

Na era Reagan, os republicanos conservadores sentiam que tinham no Papa João Paulo II um poderoso aliado, pois sua enérgica postura anticomunista e contra o aborto era levada a cabo na política americana.
Os conservadores de hoje estão apreensivos em relação ao Papa Francisco, que não modificou as doutrinas, mas modificou o tom e a cultura da Igreja Católica em menos de dois anos de pontificado. Ele enfatiza, com veemência e autenticidade, mais um compromisso com a pobreza e com a desigualdade de renda do que com as questões sociais que dominaram grande parte do debate católico nos EUA.

O papa ajudou a intermediar o recente descongelamento das relações entre os EUA e Cuba, para consternação de conservadores como o senador da Flórida, Marco Rubio. Francisco agora está decidido a fazer com que a mudança climática seja um imperativo moral para os 1,2 bilhão de católicos do mundo.

Isso não quer dizer que Francisco seja o papa dos sonhos dos democratas liberais: “Ele está desafiando a todos”, disse Carr, que agora dirige a Initiative on Catholic Social Thought and Public Life na Universidade de Georgetown. “A maioria dos democratas não falava sobre pobreza”.
Visita aos EUA

O papa visitará os EUA em setembro. Ele irá a Filadélfia, a Nova York e, provavelmente, a Washington. Se assim for, ele pretende visitar a Casa Branca, e também algum refeitório popular ou algum outro lugar que atenda os pobres. E poderia aceitar o convite do presidente da Câmara, John Boehner, para ser o primeiro pontífice a discursar em uma sessão conjunta do Congresso.

Em privado, alguns republicanos de direita resmungaram por causa desse convite, mas eles não podem fazer nada. Não é difícil imaginar o momento excepcional no Capitólio quando democratas que defendem o aborto se contorcerem ao ouvir o papa celebrar a santidade da vida e republicanos se remexerem ao ouvir o Sumo Pontífice falar de justiça social e da desigualdade de renda.

Via Pragmatismo Político

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