A marca “Use Huck”, de propriedade do apresentador global
Luciano Huck, está envolvida em mais uma polêmica nas redes. Após ser criticada
por ter lançado camiseta com a estampa “Somos todos macacos”, aproveitado-se do
episódio de racismo sofrido pelo jogador Daniel Alves no ano passado, agora
podem ser encontrados no site da grife modelos tão controversos quanto. Em um
deles, voltado ao público infantil, é possível ler os dizeres “Vem ni mim que
eu tô facin”.
Para a psicóloga Aline Couto, a estampa é inadequada e
reforça a sexualização precoce de crianças. “Se fosse uma estampa de uma
camiseta para uma adulta [modelo também vendido pela loja online] já seria
preocupante, pois objetifica com o puro e simples objetivo de vender. Pior
ainda sendo pra uma criança. Já somos suficientemente julgadas pelo que
vestimos enquanto adultas e dói ver uma marca fazendo dinheiro em cima dessa objetificação
para uma criança”.
Couto chama atenção para o risco de encararmos mensagens
como essa de forma puramente humorística. “É certo que mais dia ou menos dia
uma menina que veste isso porque os pais acham ‘engraçado’, ‘espirituoso’, vai
aprender, e não de um jeito engraçado, que usam nossas roupas para justificar
abusos. Começar com isso na infância é cruel. Tem muita gente discutindo os
impactos da sexualização precoce na infância, mas coisas como essa camiseta aí
passam por ‘brincadeirinha’”, argumenta.
Outra estampa que levantou questionamentos exibe as palavras
“Salvem as baleias, eu salvo as sereias”, o que pode insinuar uma mensagem
gordofóbica de deboche contra mulheres gordas. Para Polly Barbi, editora do
portal Lugar de Mulher, a intenção é facilmente identificável. “Muita gente
pode vir com aquele papo de ‘que isso, imagina, estavam só falando das
sereias’. Mas quem é gorda sabe muito bem do que se trata”, considera.
Em outro modelo, há a frase “Quando um não quer, o outro
insiste”. Ativistas feministas advertem que isso pode reforçar a cultura do
estupro, por reproduzir a ideia de que a negação não é suficiente para
interromper uma investida sexual. Situação parecida ocorreu com propaganda
veiculada pela Skol na véspera do Carnaval, quando a cervejaria espalhou
cartazes com os dizeres “Esqueci o ‘não’ em casa”. A peça, de tão criticada,
foi retirada de circulação e trocada por outra.
A reportagem da Fórum tentou contato telefônico com a Use
Huck, mas até o fechamento desta nota não foi atendida.
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