O senador Aécio Neves (MG) e nenhum outro do PSDB assinou o pedido de abertura da CPI do SwissLeaks-HSBC
Jornal GGN - Com um dos maiores e mais importantes bancos de
dados secretos em mãos, os jornais O Globo e Fernando Rodrigues não fazem o
jornalismo de dados, com o cruzamento completo das informações. Ao analisar os
arquivos disponibilizados nas reportagens, é possível constatar que, além do
que divulgaram os jornalistas, de o PSDB ter sido o maior beneficiado dos
doadores para campanhas eleitorais com contas secretas no HSBC, o senador Aécio
Neves foi também o candidato à presidência que mais recebeu. Esta última
informação foi omitida dos jornais.
Diretamente para a sua campanha foi destinado R$ 1,2 milhão
de doadores que tinham contas secretas na filial do banco em Genebra. Em
seguida, a também candidata à presidência, Marina Silva (PSB) angariou R$ 100
mil desses doadores. A presidente da República, Dilma Rousseff, não teve
doações diretas dos proprietários dessas contas.
Excluindo o que foi depositado para o Comitê de Aécio Neves,
os demais comitês (estaduais e contas de políticos) do PSDB receberam um total
de R$ 1,725 milhão. Já o PT recebeu R$ 1,505 milhão, incluindo direção estadual
e para os deputados federais Vicente Cândido (SP) e Janete Rocha Pietá (SP). O
PMDB contabilizou R$ 568 mil de doadores com contas na Suíça.
Esses dados integram um novo episódio do Swissleaks, em um
seleto grupo de 976 doadores, que entregaram no mínimo R$ 50 mil para as
campanhas eleitorais do último ano. Destes, 16 nomes aparecem nos arquivos que
tinham contas secretas no banco suíço HSBC.
O balanço foi um resultado da integração do jornal O Globo
no acesso aos dados disponibilizados ao Consórcio Internacional de Jornalistas
Investigativos (ICIJ), no qual Fernando Rodrigues também participa.
Até então, somente personagens pontualmente selecionados, de
todas as 5.549 contas secretas de brasileiros, foram vazadas. Com a adesão da
equipe de O Globo, informações sobre políticos ligados ao PSDB e à escândalos
de corrupção que envolveram diversos partidos foram, aos poucos, sendo
divulgadas.
Dessa vez, os jornalistas elencaram os 976 empresários que
doaram mais de R$ 50 mil nas campanhas eleitorais de 2014. Encontraram, então,
16 nomes que estão na lista investigada do HSBC da Suíça.
Fábio Roberto Chimenti Auriemo, Filho de Fábio Roberto
Chimenti Auriemo e Armínio Fraga teriam apresentado provas, de acordo com o
blogueiro do Uol, de que suas contas foram declaradas à Receita Federal. O fato
isentaria a ilegalidade das contas.
Cláudio Szajman, Benjamin Steinbruch, Carlos Roberto Massa e
Hilda Diruhy Burmaian não apresentaram provas, mas afirmaram que foi declarado
ou que as contas eram regularizadas.
Francisco Humberto Bezerra e Miguel Ricarto Gatti Calmon
negaram que tivessem uma conta na filial suíça. Alceu Elias Feldmann, Edmundo
Rossi Cuppoloni, Cesar Ades e Roberto Balls Sallouti disseram que não iriam
responder sobre o assunto. José Antonio de Magalhães Lins, Gabriel Gananian e
Jacks Rabinovich não responderam. E Paulo Roberto Cesso confirmou que teve uma
conta, mas não disse se foi declarada à Receita.
Frente à essas informações é possível verificar, ainda, que
curiosamente os doadores de Aécio Neves provaram ou afirmaram que as contas
foram declaradas, segundo as divulgações de O Globo e Fernando Rodrigues.
Por outro lado, ainda que com todos esses números em mãos, a
redação de O Globo não publicou tudo. Nem Fernando Rodrigues.
Para identificar que o senador e candidato derrotado Aécio
Neves (PSDB-MG) liderou o índice de doações de contas suspeitas, foi preciso
transcrever as quantias que cada empresário, donos das contas, repassou a cada
político ou comitê. Neste caso, a ordem dos fatores altera o resultado. Uma vez
separados por partidos, a visualização dos dados permite outras notícias.
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