terça-feira, 23 de junho de 2015

A greve contra o calote da TV Cultura

Na sexta-feira passada (19), os trabalhadores da área técnica da Rádio e TV Cultura deflagraram uma greve por tempo indeterminado contra o não pagamento de parte do salário e da totalidade do abono. 



 Por Altamiro Borges

A Fundação Padre Anchieta, mantenedora das emissoras e ligada ao governo tucano de São Paulo, simplesmente desrespeitou o acordo firmado com o Sindicato dos Radialistas em 2014. "Vinhamos tentando negociar desde março, mas até já firmamos novo acordo (para 2015-2016) e ainda não há perspectiva sobre o acerto desses valores”, explicou Sérgio Ipoldo, coordenador da entidade, ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual.

De há muito tempo que o PSDB vem destruindo a empresa, demitindo funcionários, cortando salários e rebaixando a qualidade da programação - que já foi considerada das melhores das tevês educativas do país. Segundo o sindicalista, a situação se deteriora a cada dia que passa. No caso do acordo firmado no ano passado, a empresa repassou 5,2% de um reajuste acordado em 5,85% e não efetuou o pagamento do abono no valor de 50% do salário-base de cada trabalhador, que deveria ter sido pago em maio. “Acertamos algumas datas-limite em 12 e 18 de junho, mas a empresa simplesmente se nega a pagar. A categoria não teve alternativa senão a greve”, afirmou.

Dois dias antes da deflagração da greve, o sindicato havia negociado com a empresa o acordo para 2015-2016, fixando um reajuste de 7,21% nos salários, aumento de 8,34% no piso da categoria e um novo abono de 50% dos salários a ser pago em maio do ano que vem. “Tememos que estes valores também não sejam integralmente pagos. É um desrespeito muito grande à categoria”, disse Ipoldo. A desculpa da Rádio e TV Cultura é que o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (Codec), órgão da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, vetou os pagamentos sob a alegação de que o governo estadual está com problemas de caixa. Ou seja: na crise, o ônus é totalmente dos trabalhadores!

"Além das questões salariais, os trabalhadores reclamam de outros problemas, como o acúmulo de função, não pagamento de horas extras, contratação de trabalhadores em regime de pessoa jurídica e contratação de estagiários para cumprir funções de trabalhadores regulares. 'Mas o estopim foi o não pagamento', ressaltou o sindicalista. De acordo com a Lei 7.783, de 1989, que regulamenta o direito de greve, é legal a paralisação para reivindicar cumprimento de acordo coletivo... O sindicato avalia que a adesão à greve é de 80%. E pode se intensificar nos próximos dias, já que o Sindicato dos Jornalistas está discutindo a adesão da categoria à paralisação pelos mesmos motivos dos radialistas".

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