domingo, 28 de junho de 2015

Tia Maria


Uma das lembranças mais gratas dos meus tempos de criança era quando minha mãe trazia a boa nova: “Amanhã vamos passear na casa da tia Maria”...

Maria Marques era a esposa do meu tio Raimundo, irmão mais velho do meu pai, este casal foi a única referência da presença de tios em minha vida, mesmo meus pais tendo muitos irmãos, os tios Raimundo e Maria foram os únicos que moraram perto, a extensão geográfica do país, privou-me de um contato estreito  com os demais tios, porém, a casa da Tia Maria era um mundo encantado para a criança desprovida de passeios que eu fui, estes apreciáveis tios moravam em Paranavaí.

Dona Maria marques, professora de profissão foi também esposa e mãe dedicada, seguidora dos preceitos da igreja, educou os filhos religiosamente dentro dos princípios da fé católica cristã.

Sua casa para mim era um regozijo a parte, lá saboreava a boa amizade desta família tão nossa... As histórias infindas narradas por tio Raimundo eram sempre concluídas por suas memoráveis risadas, também preciosa era a simpatia afável das minhas primas Cida e Cristina.

“Aurora da minha vida que os anos não trazem mais”, em minhas reminiscências, vejo meus amados tios gozando de saúde e vitalidade, hora rindo, hora ralhando com as travessuras do cachorro “Térri”, o cão branco e peludo querido por todos da casa...

Seria bom que as coisas boas da vida não acabassem nunca, seria ótimo que a doce sensação daqueles verdes tempos perdurasse por todo tempo.

Porém, não é assim, o tempo passa e leva consigo páginas boas do livro da vida, a gente cresce e o mundo colorido e puro dos tempos de criança fica apenas em nossa lembrança.

Tio Raimundo, meu norte quando é pronunciada a palavra tio saiu de cena em 2005, levando com ele os contos, as piadas e a gargalhada mais saborosa do mundo, terminaram também os pudins feitos em forminhas redondas e os pães que com esmero ele fazia na área dos fundos de sua casa.

Dona Maria Marques, minha doce tia Maria, deixou-nos hoje, acometida pelo enfado de seus noventa anos exemplarmente vividos, hoje os bons tios estão em um plano superior, certamente no lugar cabido aos bons.

Lembro-me com saudade e gratidão os bons momentos que este casal proporcionou quando acolhiam a mim e minha família em sua casa.

Entram pra história como pessoas importantes e consideráveis em minha vida a ponto de eu imaginar impossível uma infância sem os venturosos passeios na casa deles, ofertando-nos carinho e a hospitalidade dos bons cearenses.

Deixo externada minha gratidão pelo privilégio em tê-los na família, ainda que consternado com o fato de hoje eles serem saudades.

Obrigado tia, por me proporcionar ótimas lembranças, grato pela cordialidade e pelo aconchego de uma tia de verdade.

Aos filhos Zé Carlos, Corrinha, Cida, Zé Antonio, Lourdinha, Cristina e Deodato, meus sinceros sentimentos pela irreparável perda.  Agarrem-se na paz de suas consciências de que nenhum cuidado foi negligenciado, cumpriu-se para ela o ciclo da existência.

Ainda era muito cedo, apesar dos noventa anos da querida dona Maria Marques, a vida é o agora e todo agora é precoce demais para vermos partir aqueles que amamos.

Não há muito que dizer-lhes meus queridos primos a não ser chorar com vocês essa imensa dor.

Vá em paz tia Maria, incansável guerreira. O mundo tornou-se melhor porque a senhora existiu.



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