quarta-feira, 1 de julho de 2015

Aécio diz que vai à PGR contra Dilma, mas exclui Paulinho e Aloysio

Com base no que vazou seletivamente na imprensa dos trechos da delação premiada do empreiteiro da UTC, Ricardo Pessoa, o candidato derrotado nas urnas e presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), decidiu nesta terça-feira (30), após reunião dos partidos da oposição, que vai entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República por crime de extorsão contra a presidente Dilma Rousseff e o então tesoureiro da sua campanha, ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação).


Decisão foi anunciada após reunião de líderes da oposição nesta terça (30)

“Há ali explicitado por ele (Pessoa), uma clara chantagem. Ou ele aumentava as doações ao Partido dos Trabalhadores e à campanha da presidente da República, ou ele não continuava com suas obras na Petrobras. Apenas a presidente da República é quem teria as condições de efetivar essa chantagem, e não o então tesoureiro do partido”, bravateou o tucano após reunião com lideranças do PSDB, DEM, PPS e Solidariedade.

O jogo de cena de Aécio, como sempre, tenta manobrar os fatos para favorecer os seus interesses. Primeiro porque a delação de Ricardo Pessoa não foi oficialmente divulgada. Apesar do amplo acesso da mídia golpista aos documentos, o que se tem não são fatos, mas reportagens de jornais e revistas.

Segundo, de acordo com os trechos divulgados, correligionários e parceiros de Aécio, como o também senador tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), foram citados no suposto esquema de Ricardo Pessoa. Contra esses não tem processo?

Aloysio, que foi candidato a vice na chapa derrotada de Aécio em 2014, admitiu que recebeu duas "doações" da UTC/Constran: uma de R$ 300 mil, que teria sido declarada, e outra de R$ 200 mil, retirados em dinheiro vivo. No entanto, segundo matéria do Jornal do Brasil, as doações não constam na prestação de contas junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Já Paulinho da Força (SD), ex-presidente da Força Sindical, segundo Ricardo Pessoa, recebeu “doações” para evitar greves de trabalhadores em empresas. De acordo com o delator, foram repassados R$ 500 mil, foi feita nas eleições de 2012 quando o agora deputado concorria à prefeitura de São Paulo.

Matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (30), afirma Ricardo Pessoa teria dito que a doação à Paulinho foi motivada pelas obras da usina de São Manoel, na divisa entre Pará e Mato Grosso.

Isso não importa para a oposição, que anunciou que além da representação na PGR, o grupo disse que vai entrar com um novo pedido no Tribunal de Contas da União (TCU) para que o órgão investigue supostos atrasos nos repasses dos programas sociais aos bancos públicos em 2015 e acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a delação de Pessoa seja levada em conta no processo que já foi aberto no órgão contra a campanha da petista.

Aécio e sua turma fingem esquecer que nos trechos vazados da suposta delação do dono da UTC, inclui o pagamento de R$ 50 mil por mês ao advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, para que ele repassasse informações do tribunal que fossem do interessa da construtora.

Objetivo golpista

É evidente que objetivo não é apurar a verdade dos fatos, mas manter os ataques contra o governo da presidenta Dilma Rousseff e criminalizar o PT. E os golpistas não escondem isso.

Segundo o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN) - que também é um dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na cobrança de propina de R$ 1 milhão contra empresário no Rio Grande do Norte - essas ações vão pavimentar o caminho para um eventual pedido de impeachment de Dilma.

Já o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), disse que há consenso entre os oposicionistas que Dilma não tem mais condições de se manter no cargo. “A forma que ela vai sair, a oposição vai continuar discutindo”, afirmou.

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