quinta-feira, 16 de julho de 2015

BALADA DAS TRÊS MULHERES DO SABONETE ARAXÁ

Imagem do curta-metragem "O poeta do castelo", de Joaquim Pedro de Andrade, 1959

As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me bouleversam,
[me hipnotizam.

Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!
O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Que outros, não eu, a pedra cortem
Para brutais vos adorarem,
Ó brancaranas azedas,
Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata
Oh celestes africanas:
Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do
[Sabonete Araxá!

São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do
Sabonete Araxá?
São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?
São as três Marias?

Meu Deus, serão as três Marias?

A mais nua é doirada borboleta.
Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida,
[dava pra beber e nunca mais telefonava.

Mas se a terceira morresse... Oh, então nunca mais
[a minha vida outrora teria sido um festim!
Se me perguntassem: Queres ser estrela? queres ser rei?
[queres uma ilha no Pacífico? um bangalô em Copacabana?
Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca.

[Eu só quero as três mulheres do sabonete Araxá:

O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Manual Bandeira  
Teresópolis, 1931

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