Assunto foi bastante comentado na Câmara esta semana. Pedetistas falam em formalização do grupo político dos cearenses. Executiva do partido confirmou conversas, mas definição ainda não saiu
Por Hylda Cavalcanti
Brasília – Deputados pedetistas dão como certo que os irmãos
Ciro e Cid Gomes, ex-ministros e ex-governadores do Ceará, estão de malas
prontas para deixar o Pros e entrar no PDT. Ambos desembarcaram em Brasília na
última terça-feira (30) para uma conversa com caciques da legenda e podem
formalizar a troca do partido nos próximos dias. Segundo parlamentares ligados
aos Gomes, a mudança se dá em razão de desconforto observado entre eles e seu
grupo político com o Pros, desde o ano passado. Mas o que é apontado como
principal fator da nova filiação é a possibilidade de ser costurada a
candidatura de Ciro à presidência da República em 2018 pelo PDT – com o aval do
presidente da legenda, Carlos Lupi.
O problema, de acordo com um deputado cearense, tem sido as
resistências observadas por integrantes do PDT no Ceará, que há anos são
adversários dos irmãos Gomes, e do grupo do senador Cristovam Buarque (DF) –
que embora não tenha se posicionado, anseia em ver o ex-governador do Distrito
Federal também candidato à presidência em 2018.
Ciro Gomes foi candidato à presidência duas vezes, pelo PPS:
em 1998 e em 2002. Depois, no PSB, assumiu o ministério da Integração Nacional,
no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele cogitou a
possibilidade de voltar a se candidatar à presidência pelo PSB, mas não encontrou
oportunidade diante da ambição do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, de
disputar a vaga (Campos encabeçou a chapa no ano passado até 13 de agosto,
quando morreu em acidente de avião e foi substituído por Marina Silva).
Carlos Lupi e outros nomes do PDT nunca esconderam a
possibilidade da sigla – que já teve seu fundador, Leonel Brizola, duas vezes
candidato, em 1989 e em 1994 –, voltar a ter um nome com estofo suficiente para
disputar a sucessão da presidenta Dilma Rousseff daqui a três anos.
Hoje, Ciro e Cid comandam um grupo político formado por 80
prefeitos, 13 deputados estaduais, dois deputados federais e mais de duas
centenas de vereadores, além de ex-prefeitos e lideranças políticas municipais
do Ceará.
De acordo com políticos cearenses ligados ao grupo, eles
também teriam ensaiado a possibilidade de se articular com dirigentes do PSB
para retornar à legenda, poucos meses atrás, mas terminaram se definindo pelo
PDT. Procurado, o líder pedetista na Câmara, deputado André Figueiredo (CE),
evitou oficializar informações já confirmadas pelos colegas. Figueiredo
confirmou as reuniões mas disse que tudo ainda está na base das conversas
iniciais. E deixou claro que o partido está “de braços abertos para
recebê-los”.
‘Com carinho’
Recentemente, em entrevista ao jornal O Globo, Ciro Gomes,
que hoje trabalha como executivo na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), disse
que “pensa com muito carinho em 2018”.
Embora o grupo político dos Gomes tenha saído do PSB por não
ter concordado com o rompimento dos socialistas com o governo, o que se fala
nos bastidores é que, nos últimos tempos, o relacionamento dos irmãos Ciro e
Cid com o PT e o governo Dilma Rousseff anda estremecido.
Depois da saída do Ministério da Educação – num episódio em
que o então ministro foi flagrado chamando os deputados de “achacadores” – Cid
Gomes repetiu a declaração em audiência pública na Câmara e se viu obrigado a
deixar o governo. Na época, tanto ele como o irmão criticaram o que chamaram de
dependência da presidenta dos grupos conservadores instalados no Congresso
Nacional.
Em segundo lugar, porque Ciro Gomes demonstrou publicamente
seu descontentamento com as medidas anunciadas por Dilma em seu segundo governo
em relação ao ajuste fiscal. E, principalmente, com a escolha do ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, com cujos métodos não concorda.
No início do ano, porém, o cenário era outro e Cid Gomes
tentou negociar a criação de um novo partido a ser formado por integrantes de
outras legendas, com o intuito de compor um bloco político que pudesse se
contrapor ao poder do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nas
votações da Casa. A estratégia não teve seguimento depois da saída de Cid do
Ministério da Educação.
Via RBA
Nenhum comentário:
Postar um comentário