terça-feira, 14 de julho de 2015

Empreiteiro cita Aécio, mas Estadão requenta factoide contra Lula

Enquanto a imprensa cria factoides em cima das ilações contra o PT, Dilma e Lula que surgem dos vazamentos seletivos da Operação Lava Jato, o mesmo não acontece com Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e candidato derrotado nas urnas, que já apareceu em diversas delações, depoimentos de empreiteiros e até anotações de esquemas.


Por meio de mensagem telefônica , Léo Pinheiro (OAS) diz que ia se encontrar com Aécio. O tucano, por sua vez, diz que se encontrou com o empreiteiro, mas não lembra quando

A primeira citação foi feita no depoimento do doleiro Alberto Youssef, que afirmou que o senador era responsável pelo esquema de propinas de Furnas. Como as investigações da Operação Lava Jato tratavam da Petrobras, o Supremo Tribunal Federal decidiu não arquivar as denúncias.

Depois o nome de Aécio apareceu em anotações encontradas em um escritório da UTC Participações, em São Paulo, num esquema para abafar a CPI da Petrobras. Segundo os papéis, o senador tucano teria "escalado" dois colegas, Álvaro Dias (PR) e Mario Couto (PA), para "fazer circo".

Agora, o Estadão publicou matéria em seu site, nesta segunda-feira (13), em que afirma que o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e réu na Lava Jato, indicou em mensagem de celular, em 2012, que se encontraria com o tucano. Como o foco é criminalizar as doações ao PT, a matéria requenta o factoide sobre a relação de Lula com os empreiteiros deixando de lado o fato de Aécio também aparecer nas investigações.

Segundo a publicação, nas trocas de mensagens do celular de Léo Pinheiro que foram interceptadas pela Polícia Federal citam “brahma”, que eles dizem se tratar do ex-presidente Lula. Essa suposição foi manchete de diversos jornais durante mais de uma semana. Mas o fato novo é que os empreiteiros também mencionam “Aécio” e indicam que o executivo teria se reunido com o tucano senador do PSDB em 2012 ao mesmo tempo em que a empreiteira buscava apoio de políticos ligados ao PT para expandir a atuação da empresa na África.

A reportagem afirma que o tucano admitiu por meio de nota que já se encontrou com o executivo, mas disse não se recordar da data especifica. Diferentemente do que a imprensa faz com o ex-presidente Lula, o jornal fez questão de dizer que a Polícia Federal não atribui no relatório nenhuma suspeita sobre o tucano nem sobre o ex-presidente Lula. “O documento de 38 páginas apenas transcreve correspondências do empreiteiro Léo Pinheiro nas quais são citados “Aécio””, diz o Estadão.

Apesar da matéria se tratar do Aécio, boa parte do conteúdo foi para lançar suspeitas sobre a relação de Lula com os empreiteiros. A transcrição da mensagem do empreiteiro encaminhada no dia 26 de novembro de 2012 ao então diretor superintendente da OAS Internacional Augusto Cézar Uzeda, diz: “Quem marcou foi a Mônica, mulher de Franklin. Segundo ela, seria uma aproximação para 2014. Ele deve coordenar. Disse-me também que os dois estão em pé de guerra. Vou confirmar sua ida. Nesse mesmo horário vou estar com Aécio”.

A matéria diz ainda que a mensagem é a "única" citação em que aparece o nome de Aécio nas conversas de Léo Pinheiro no relatório da Polícia Federal.

“A mensagem, contudo, não deixa claro o que seria a “aproximação para 2014”, ano das eleições, ou mesmo porque os executivos teriam marcado o encontro com Aécio no mesmo período em que tratavam com políticos do PT”, indaga a matéria do Estadão. Pouco depois de duas semanas do envio da mensagem, Aécio foi lançado pré-candidato a presidente da República pelo PSDB para 2014.

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