quarta-feira, 22 de julho de 2015

Herdeiros de Frei Tito receberão pensão vitalícia

Os herdeiros de frei Tito de Alencar, morto durante o período da ditadura militar, terão direito à pensão especial vitalícia. É o que define lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (17). Os herdeiros vão receber R$ 500 por mês, que podem ser divididos em partes iguais.


O período de torturas levou Frei Tito ao suicídio 4 anos depois da prisão
Embora reconheça e agradeça a intenção do governo federal de conceder a pensão vitalícia, a irmã de frei Tito, Nildes Alencar, afirma que a atitude não é o bastante para resgatar a luta do frade. “Dinheiro algum indeniza o que aconteceu com meu irmão. A gente faz uma reflexão sobre como ele poderia contribuir para melhorar o processo democrático no país.

Nildes informa que a família ainda não foi informada oficialmente da concessão da pensão. A intenção é aplicar o valor nas atividades do Instituto Frei Tito de Alencar, que incentiva ações de valorização da memória e da luta do frade.

Para o conselheiro da Comissão Nacional de Anistia do Ministério da Justiça, Mário Albuquerque, a concessão da pensão vitalícia aos herdeiros de frei Tito significa muito pouco comparado ao que aconteceu ao frade durante a ditadura. “O que se espera do Estado brasileiro não é essa parte pecuniária, mas sim a apuração dos fatos que levaram frei Tito a esse paroxismo de tirar a própria vida. Sinceramente, vejo esse gesto com muita tristeza."

Nascido em Fortaleza, Tito de Alencar Lima era frade dominicano. Devido à militância contrária à ditadura militar, foi preso em 1969, junto com outros religiosos e torturado ininterruptamente durante três dias seguidos. Em 1970, foi libertado no grupo de prisioneiros políticos trocado pelo embaixador suíço Giovani Enrico Bücker, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária. No ano seguinte, passou a morar na França, mas os reflexos da tortura sofrida na prisão induziram frei Tito ao suicídio em 1974.

Após a abertura política, em 1983, os restos mortais de frei Tito foram trazidos para o Brasil e estão sepultados em Fortaleza.

Fonte: RBA

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