Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Há um negativismo na cobertura da mídia que acaba engolfando todo o país, criando a falsa percepção de que em se plantando, nada se dá.
Provavelmente se sonegará do seu leitor a divulgação do trabalho do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), analisando os efeitos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) sobre o Bolsa Família.
O trabalho cruzou os 80 milhões de dados do Cadastro Único, os 50 milhões do Bolsa Família, os 60 milhões do RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), para acompanhar o desempenho geral do Pronatec e, em especial, dos alunos egressos de programas sociais.
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A pesquisa desmente alguns mitos que acompanham tanto o BF quanto o Pronatec.
Mito 1 – Não haveria demanda de público pobre, por falta de vontade de melhorar de vida.
A pesquisa mostra que na formação inicial continuada, 33% dos alunos são do BF puro; 30% do cadastro único (atendidos por outros programas sociais), sem ser BF; e 37% são de não cadastro único.
Conseguiu-se esse feito organizando a oferta e a demanda.
O Pronatec estendeu seus cursos não apenas para setores técnicos, mas para o atendente, o garçon, o instalador de ar condicionado, o encanador, o azulejista, o gesseiro, o pintor, o conjunto de mão de obra que interfere também na produtividade da economia.
Com esse enfoque, saltou de 606 municípios em 2012 para 4.025 em 2014, fundamentalmente atendidos pelo Sistema S e institutos federais. As instituições privadas não chegam a 1% dos cursos.
Mito 2 – o de que aluno não valoriza cursos de graça e pobres não chegariam até o final do curso.
Os egressos do BF obtiveram taxa de conclusão de curso melhor que a média: 81,4% contra 79% da média geral, mesma média dos cursos pagos do Senai.
As taxas de aprovação também foram similares: 88,3% do BF contar 87,1% da média.
Mito 3 – o de que os cursos do Pronatec não tinham aderência com o que o mercado necessitava.
Montou-se um grupo de estudo com técnicos do MEC (Ministério da Educação), MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), batendo município por município as vagas ofertadas e as ofertas de curso. Entre 70 e 80% dos municípios havia grande aderência entre cursos e demanda.
Ao iniciar o curso, havia 361 mil pessoas empregadas; no final estavam em 627 mil. No caso do BF, 55 mil iniciaram o curso já empregados; formados, os empregados haviam saltado para 120 mil.
Mesmo promissores, os resultados são subavaliados em pelo menos três pontos:
1- Não captou o mercado informal.
Um eletricista formado pode trabalhar em uma empresa ou por conta própria. A pesquisa só levantou os números do mercado formal.
2- Não captou os que abandonaram prematuramente o curso por conseguirem emprego no meio do caminho.
Isso ocorreu na construção civil, em um momento de falta de mão de obra.
3- Os dados da RAIS são de dois anos atrás, portanto não captaram o que ocorreu no ano passado.
Agora, em parceria com o MDIC, o MDS está analisando os grandes investimentos em curso para começar a ofertar antecipadamente os cursos para vagas.
PS - Como previsto pela Ministra Tereza Campello, do MDS, nenhum veículo de mídia interessou-se pelo tema. Na véspera do anúncio do lançamento do trabalho, vários jornalistas foram procurados, mas disseram que a pauta não se encaixava na cobertura.
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