Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Como diz o ditado, nada é tão ruim que não possa piorar.
Antes de falar das coisas ruins, porém, mostremos a única
notícia boa da pesquisa CNT/MDA: quase 80% dos brasileiros é contra doações de
empresas para campanhas políticas.
A pesquisa CNT oferece munição pesada para a oposição levar
adiante o golpe, ou então asfixiar o governo de tal maneira que o paralise.
E com o governo paralisado, a economia sofre, e a imprensa
continuará lançando todos os problemas na conta do PT e da esquerda em geral,
botando lenha no avanço do fascismo social.
Neste link você vê a apresentação síntese da pesquisa.
Neste outro, você vê a pesquisa estratificada, por renda,
região, idade, etc.
Nem é o caso mais de acenar com manipulação das pesquisas.
Claro que há manipulação pesada, explícita. O momento da pesquisa, o tipo de
pergunta, tudo é articulado em aliança com as campanhas negativas da grande
mídia.
A troco de que, por exemplo, fazer uma pesquisa de intenção
de voto agora?
Entretanto, o governo vai mal, isso ninguém pode negar.
Não me surpreende nem um pouco que a avaliação esteja tão
ruim.
Eu mesmo, que apoio o governo, apoio a presidenta, estou aí
na luta contra o golpe, se fosse entrevistado, e eu decidisse ser franco ao
invés de dar uma resposta política, daria uma nota de regular a ruim ao governo
Dilma.
O governo tem de investir na recuperação de popularidade
junto a seus eleitores! Como é possível que Dilma possa ser tão negligente em
relação à imagem construída em sua campanha! Qualquer marketeiro de fundo de
quintal sabe que é preciso construir um mínimo de mística em torno da figura
presidencial.
Dilma precisa reconquistar, com urgência, o apoio do núcleo
duro de seu próprio eleitorado.
Por que o governo não constitui um conselho político de
altíssimo nível, chamando os melhores profissionais do mundo?
Por que não monta um centro de respostas políticas, para
rebater, em escala massiva, todas as denúncias e mentiras que a direita agora
despeja, às toneladas, a cada minuto na internet?
Não é o futuro de Dilma que está em jogo, mas o Brasil e a
América Latina, mais uma vez vulneráveis às conspirações golpistas financiadas
por grupos da extrema direita americana.
A pesquisa mostra uma opinião pública irritada. A maioria
escolhe a pior avaliação: péssimo.
O mais assustador é o silêncio. A presidenta dá uma
entrevista à Folha, o ambiente melhora e ela some de novo. Dilma tinha que dar
entrevistas todos os dias, para todos os tipos de mídias: grandes, médias,
pequenas, rádios, jornais, revistas, tvs, sites, blogs, nacionais,
estrangeiros. Entrevistas sérias, bobas, curtas, longas.
É isso ou dar adeus ao governo.
O golpe se aproxima. As peças todas se encaixam.
Por que houve o vazamento das denúncias contra Eduardo Cunha
em depoimento do réu para Sergio Moro?
Não teria sido justamente para enfurecer Cunha e fazê-lo se
voltar contra o governo, rompendo inclusive com os setores moderados do PMDB?
E agora, temos essa pesquisa CNT, dizendo que a maioria dos
brasileiros é a favor do impeachment, que a aprovação do governo é ridícula,
que Dilma e Lula tem implicação na corrupção da Petrobrás, que Aécio ganharia
as eleições...
O governo, por sua vez, continua preso à armadilha mental
que criou para si mesmo.
Não se mexe porque a popularidade está baixa, e a
popularidade está baixa porque não se mexe.
Eu mesmo conheço vários petistas que olham esse tipo de
pesquisa e, se já eram advogados da inação, ficam ainda mais rendidos. Sua
única estratégia é enfiar mais fundo a cabeça num buraco. Infelizmente, parece
que esse tipo de estratégia tem apoio hegemônico no PT e no governo.
Observe a tabela abaixo, ela mostra uma opinião pública
moldada direitinho, bonitinho, para o golpe. As instituições mais confiáveis
são, por ordem: igreja, forças armadas, judiciário, polícia, imprensa. Por
último governo, congresso nacional e partidos políticos.
É o retrato de uma sociedade fascistizada! Se o povo já está
assim agora, no início de uma crise econômica, imagine quando esta avançar?
A Alemanha dos anos 30 não devia ser muito diferente.
Tem solução?
Tem.
Para não me acusarem de fatalismo ou pessimismo, dou cinco
ideias:
1) Interromper completamente qualquer fluxo de verbas para
os grandes meios de comunicação, e despejar tudo na internet, através da
criação de um sistema randômico público e estatal (uma espécie de adsense
público). Para não prejudicar empregos de jornalistas, pode-se fazer algum tipo
de projeto à parte para estimular formação de cooperativas.
2) Baratear o preço da internet em todo o país.
3) Implementar, em regime de urgência, um programa de banda
larga pública no país.
4) Revolucionar a comunicação pública do governo, mas disso
não aguento mais falar.
5) Montar um conselho político de altíssimo nível, com
pessoas de prestígio na sociedade, e empoderar de fato esse conselho, que
deveria ter um porta-voz, para falar diariamente com a imprensa, blogs e redes.
Ligado ao conselho, um centro de respostas políticas, para combater as mentiras
da mídia, imediatamente após estas serem divulgadas.
Via Blog do Miro
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