A presença de escolas públicas entre as melhores do país na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) avançou novamente no ano passado, mas ainda é minoritária.
Foto/JJ BRASIL |
O desempenho das escolas no Enem 2014 foi divulgado ontem
pelo Ministério da Educação.
Para calcular a média dos colégios, a reportagem considerou
as quatro provas objetivas do Enem -linguagem, matemática, ciências humanas e
da natureza.
Os dados mostram que, entre os 10% dos colégios mais bem
colocados no exame do ano passado, 9,4% deles eram públicos. Em números
absolutos, foram 147 instituições que ficaram entre as 1.564 na elite do país.
No ano anterior, eram 7,3% públicas entre as melhores -o
primeiro avanço em quatro anos.
Essa participação passou a cair em 2009, quando o Enem foi
ampliado e passou a funcionar na prática como vestibular para selecionar
calouros das universidades federais.
Apesar do novo avanço, a melhor escola pública aparece só na
22º posição do ranking: o Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória,
colégio técnico que seleciona seus alunos.
No último Enem, o melhor público -colégio de aplicação da
UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG)- aparecia na 12ª posição. Nos
resultados de 2012, a mesma escola figurava em 7º, mas em 2014 ela aparece em
32º.
O ranking nacional é liderado pelo Objetivo Integrado, colégio
particular da capital paulista no topo da avaliação nacional pelo sexto ano
seguido.
Ao todo, 15.640 escolas compõem o ranking. Só foram
divulgadas as notas de instituições com mais de dez alunos no 3º ano do ensino
médio e onde mais da metade deles fez a prova.
Especialistas veem com cautela o desempenho de escolas no
Enem. Dizem que avanços no ranking não significam melhora das redes de ensino,
o que só é obtido com provas que apuram a qualidade da educação, como a Prova
Brasil.
PERMANÊNCIA - Neste ano o governo ampliou mais uma vez a
quantidade de indicadores incluídos na divulgação das médias das escolas.
No ano passado, o Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem)
já havia divulgado o nível socioeconômico dos colégios, um índice sobre a
formação dos professores, e a média dos 30 melhores alunos das instituições.
Agora, também passou a divulgar um "indicador de
permanência", que mostra a porcentagem de participantes do Enem, em cada
escola, que cursou todo o ensino médio no mesmo estabelecimento.
O presidente do Inep, Chico Soares, diz que o objetivo é
destacar "as escolas que realmente ajudam seus alunos a melhorarem, que
oferecem educação de qualidade durante todo o ensino médio, e quais são aquelas
que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o terceiro ano".
Diretores reclamavam que, nos últimos anos, algumas redes de
escolas criaram unidades específicas para abrigar os melhores alunos e, assim,
inflar seu desempenho no Enem.
Para o Inep, a divulgação de indicadores junto com as médias
do exame ajudam a contextualizar o desempenho de escolas com realidades muito
diferentes.
"As escolas são heterogêneas e sendo assim, não podem
ser colocadas numa métrica única. É essa a imagem que estamos tentando passar.
Estamos dizendo: existem muitos rankings. O que define o desempenho no Enem é
um conjunto muito grande de fatores", diz Soares.
PIOR ESCOLA
A escola com pior desempenho no Enem do ano passado foi a
Doutor Augusto Monteiro, colégio estadual que fica na zona rural de Rio Branco,
no Acre. Com apenas 15 alunos no último ano do ensino médio -12 fizeram a
prova-, a escola tem poucos professores com formação específica na disciplina
que lecionam -17% do total.
Segundo o Inep, a formação do corpo docente "está
diretamente relacionada ao desempenho escolar". Nos colégios entre os 10%
mais bem colocados no exame, a média de formação adequada dos professores é de
69%.
Em São Paulo, a Escola Estadual Professor Sergio Murillo
Raduan, em Jardim Varginha, extremo sul da capital, foi a que apresentou o pior
desempenho. A escola obteve 466,3 pontos no exame do ano passado. Em 2013, a
escola não teve os dados divulgados pelo Inep por não ter atingido os critérios
para a divulgação.
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