Entre os latifundiários algozes dos Guarani, estão não só
anônimos, mas alguns famosos, que reivindicam propriedade de fazendas na área
em conflito.
Segundo informações do blog União Campo Cidade e Floresta,
nomes como Ratinho, Ronaldo Caiado e Regina Duarte estão em títulos de
propriedade de terra. “Regina Duarte lidera o setor pecuarista contra os povos
indígenas, participa de comícios contra as demarcações e contra os povos indígenas
em todo Brasil. No MS ela é a “Garota Propaganda” em campanhas contra
indígenas”, registra o blog.
Segundo o jornalista Leonardo Sakamoto, a pecuarista Regina
Duarte disse em discurso no ano de 2009, na abertura da 45ª Expoagro, em
Dourados (MS), que está solidária com os produtores e lideranças rurais quanto
à questão de demarcação de terras indígenas e quilombolas no estado. “Podem
contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais
importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça
Brahman em Barretos (SP).
No texto, Sakamoto registra que Regina disse: ““Confesso que
em Dourados voltei a sentir medo”, afirmou a atriz, com referência à previsão
de criação de novas reservas na região de Dourados. “O direito à propriedade é
inalienável”, explicou ela, de forma curta, grossa e maravilhosamente
elucidativa o que faz do BRASIL um brasil.”
Era 2009 e na época, como já relatamos, o então presidente
Luís Inácio Lula da Silva deu posse da terra aos Guarani Kaiowá, porém em 2010
o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes spendeu os
efeitos do documento e os indígenas foram mais uma vez expulsos da área, se
alojando às margens da estrada, ao lado da entrada de uma das fazendas
invasoras.
Combustível – Para entender melhor a questão pela terra que
envolve e oprime os indígenas em Mato Grosso do Sul, antes é necessário dizer
que ela está intrinsecamente ligada à exploração do biocombustível proveniente
do álcool produzido da cana. Os poucos Guaranis da floresta, ou Kaiowás, que
sobreviveram ao plantio do mate na primeira metade do século XX e
posteriormente pelo boom da agricultura canavieira, hoje estão ameaçados de
extinção por essa política genocida para a exploração da terra, que inclui expulsões
e assassinatos promovidos pelos latifundiários criadores de gado.
O território em lide tem cerca de 400 hectares e foi
retomado pelos indígenas em 2009, na época que Lula assinou o Decreto nº12.367,
mesma época que a atriz-pecuarista falou de seu apoio a essa luta que vem se
arrastando e massacrando lenta e paulatinamente os índios, como se as vítimas
fossem os pobres fazendeiros.
Em maio de 2011 os Kaiowá resolveram retomar o território e
desde então, massacres se alternam com o ritual do Jejuvy, que é o agora famoso
ritual de suicídio praticado por indígenas dessa etnia, mas que não tem nada a
ver com a “morte coletiva” anunciada pelos indígenas. Em janeiro deste ano, os
fazendeiros tentaram a reintegração de posse da área na Justiça Federal, mas o
despejo foi suspenso pelo Tribunal Regional Federal da 3a. Região (TRF-3), em
São Paulo, onde ainda tramita o processo dos fazendeiros contra os indígenas.
Vale registrar que o Relatório de Identificação da Terra
Indígena, realizado pelo antropólogo Levi Marques Pereira e publicado pela
Fundação Nacional do Índio (Funai), atesta, em fontes documentais e
bibliográficas, a presença dos guarani na região desde o século XVIII. Já o
Relatório de Identificação e Delimitação da Terra Indígena foi publicado em
2004 e a demarcação homologada pela Presidência da República em 2009 (Decreto
nº12.367) e suspensa pelo STF.
Sesmarias – Todas as terras do Estado do Mato Grosso do Sul
e do Norte, as mais cobiçadas para o cultivo da cana, são avaliadas como as
mais adequadas para esse fim pelos que a exploram para a produção do
biocombustível, embora depois da primeira colheita a terra se tornar
improdutiva para outro fim durante muito tempo, ou para sempre, se não houver o
tratamento de recuperação.
Elas chegaram às mãos dos fazendeiros à custa da exploração
durante a colonização, em que essas terras se tornaram Sesmarias e os índios
eram explorados e catequizados. A guerra em que as populações indígenas
reivindicam o direito pela terra atualmente invadida por fazendeiros está sendo
travada nos municípios da região sul e especialmente do Cone Sul do Estado, em
Mato Grosso do Sul, na faixa de fronteira entre Brasil e Paraguai. Falamos
especificamente das terras denominadas Arroio-Korá, no município de Paranhos.
Na década de 1940, os primeiros proprietários adquiriram as
terras junto ao Governo do, então, Estado de Mato Grosso e expulsaram os
índios. Contudo, os povos de Arroio-Korá permaneceram no solo de seus
ancestrais, trabalhando como peões em fazendas, vivendo em situação precária e
improvisada em barracos de lona na beira de estradas e em reservas indígenas.
Com informações do Dossiê 188 do Esquerda. net.
Via - M PORTAL
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