Há dois meses o Ibope fez "pesquisa" e indicou a
popularidade da presidenta Dilma abaixo do nível do ex-presidente Sarney,
quando este se preparava para deixar o governo. Antes, na penúltima
"coleta", Dilma foi equiparada a Collor às vésperas do impeachment.
Ibope, entre Jango e Dilma, 50 anos de fraude, o resto é golpismo |
Por Fernando Soares Campos*, no Pravda
Na próxima, talvez cheguem a informar que Dilma caiu mais do
que o prestígio da mídia partidária e oposicionista, que hoje amarga
baixíssimos índices de audiência.
O Jornal Nacional, por exemplo, nos anos 1980, registrava
média de audiência em torno de 70%; hoje seus produtores devem se dar por
satisfeitos quando o telejornal alcança pouco mais de 20% dos televisores
ligados.
Se esses institutos fraudam pesquisas eleitorais, em que são
obrigados a fazer determinados registros no TSE e TREs, imagine como fazem
essas pesquisas fajutas que só têm compromisso com quem paga para obtê-las.
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes, em entrevista a Kennedy
Alencar, no programa 'É Notícia', falou das fraudes dos institutos de pesquisa,
principalmente do Ibope. Segundo Ciro Gomes, que diz conhecer bem o senhor
Montenegro, dono do Ibope, este "vende até a mãe pra ganhar
dinheiro".
Em 1964, às vésperas do golpe que depôs o presidente João
Goulart, o nosso Jango, esse mesmo Ibope fez pesquisa sobre a popularidade do
presidente. Como o resultado foi favorável a Jango, eles esconderam a pesquisa.
Precisavam manter a demonização do presidente, com o escuso
propósito de perpetrar o golpe de estado que resultaria em sua deposição.
Na época, informaram exatamente isso que hoje informam sobre
Dilma, ou seja, que Jango era rejeitado pela população.Somente alguns anos
depois da ditadura que se instalou com a derrubada do presidente democraticamente
eleito, a pesquisa tornou-se pública.
Trechos de artigo publicado Blog do Mário Magalhães (no UOL
Notícias)
"Como uma lavagem cerebral, certa historiografia e
certo jornalismo buscaram perpetuar no último meio século a ideia de que as
bases populares do presidente João Goulart estavam corroídas quando ele sofreu
o golpe de Estado em 1º de abril de 1964.
"Pesquisa Ibope realizada de 9 a 26 de março daquele
ano, às vésperas da deposição, mostra realidade oposta: Jango permanecia com
amplos contingentes de eleitores fieis.
"O levantamento em oito capitais revelou que em cinco,
se pudesse ser candidato na eleição presidencial prevista para 1965, Goulart
receberia a maioria dos votos (Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Rio
de Janeiro).
Em outras três (Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte), seu
desempenho era expressivo, com percentuais de 41% a 39% dos que responderam que
nele votariam.
"Como a escolha para o Planalto ocorria em turno único,
o resultado impressiona ainda mais.
"Acontece que, conforme a legislação em vigor,
inexistia direito à reeleição. Sem Goulart (PTB) na cédula, na consulta
estimulada com oito candidatos, liderava com folga o ex-presidente Juscelino
Kubitschek (PSD), de quem Jango fora vice de 1956 a 1961. O oposicionista
Carlos Lacerda (UDN) aparecia como segunda força.
"A sondagem do Ibope não foi divulgada nem antes do
golpe, nem nos anos que o sucederam. Ignoro o motivo. Desconheço registros
sobre quem a encomendou. Seu objetivo era "determinar a opinião do
eleitorado das principais capitais do país sobre fatos e questões políticas,
administrativas e eleitorais''.
"A primeira notícia que tive dela foi no livro "A
democracia nas urnas'' (Iuperj/Revan), de Antônio Lavareda, publicado em 1999.
Busquei mais dados na apuração do meu livro "Marighella
- O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras, 2012). Nos
arquivos da Unicamp, anos atrás, uma boa alma copiou tabelas para mim, em
antigos alfarrábios do Ibope lá conservados." Leia completo e veja quadros
com resultados da pesquisa em "Pesquisa Ibope de março de 1964 mostra que
Jangomantinha alta popularidade".
Depois disso e das manifestações do dia 20 de agosto, cabe a
você acreditar ou não que a presidenta Dilma está mais desprestigiada do que
Sarney no fim do mandato, do que Collor no momento do impeachment e bem abaixo
da desacreditada mídia partidária e oposicionista.
*Pesquisador, escritor.
Via - Portal Vermelho
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