A investigaçao começou a mudar quando o primeiro suspeito
(foragido), através de declaração com firma reconhecida entregue por advogado,
negou autoria e colocou Turcão na cena do crime.
O suspeito, quando se entregava à Polícia no assalto ao banco, dia 07 de abril |
Uma extensa ficha criminal, iniciada aos 18 anos, mas com
direito a muitos conflitos com a lei (termo para delitos cometidos na
adolescência) e mais de 70 anos de prisão para cumprir.
Esta é a descrição resumida do suspeito de matar o casal André
Fernandes de Freitas Perez Silva (21 anos), e Gabriela Cerci Bernabe Ferreira,
(25 anos). Os jovens foram encontrados mortos na madrugada de 04 de abril,
véspera da Páscoa, portanto, há exatos 06 meses, num quarto de motel na cidade
de Paranavaí.
A Polícia Civil divulgou ontem uma nota atestando que a
análise de amostras coletadas do corpo de Gabriela confirma a existência de
material genético de Marcelo de Oliveira Choti, conhecido como Turcão, de 33
anos. O material referido resulta em convicção de que houve abuso sexual. Com o
resultado das análises, está comprovada a autoria da violência sexual e dos
homicídios, confirma o delegado Luiz Carlos Mânica, chefe da 8ª Subdivisão
Policial de Paranavaí.
Na tarde de ontem uma equipe chefiada pelo delegado Carlos
Henrique Rossato Gomes estava na penitenciária de Maringá para colher
depoimento de Turcão.
Até então foragido da Penitenciária de Maringá, o suspeito
foi preso por assalto a banco cometido três dias depois dos assassinatos. Ele e
mais dois homens tentaram roubar a agência Sicredi do Distrito de Sumaré, em
Paranavaí. Houve violência e reféns, até que os ladrões se entregaram. Mas, até
então o seu nome não estava ligado ao bárbaro crime.
MUDANÇA - A situação começou a mudar quando o primeiro
suspeito (foragido e com prisão preventiva decretada), através de declaração
com firma reconhecida entregue por advogado, negou autoria e colocou Turcão na
cena do crime.
Neste mesmo documento, o suspeito inicial confirma que foi
ao motel para pernoitar e que Turcão dormiria no carro. A partir desse fato
novo, a Polícia ouviu o agora autor comprovado cientificamente, que foi
taxativo ao negar os assassinatos.
Embora materializada a autoria, a declaração de Turcão
continua sendo importante para esclarecer detalhes dos crimes, tais como
motivação e dinâmica dos fatos até a saída do suspeito do quarto onde aconteceu
a violência.
Também é importante que o primeiro suspeito se apresente (ou
seja preso) para dar a sua versão, diz o delegado Mânica. O delegado adverte que
a prisão preventiva do primeiro suspeito não deve ser revogada.
Na narrativa dos fatos, alguns dados são definitivos. O
casal estava no quarto 18 e o suspeito saiu do quarto 16. Este permaneceu no
apartamento por cerca de 1h40 até retornar ao quarto 16, saindo do motel cinco
minutos após.
Com base na análise científica, Mânica vai relatar o crime
na perspectiva de que Turcão foi ao apartamento, sendo o responsável pelas
mortes.
CASO COMPLEXO - O delegado confirma que trata-se de um caso
complexo, daí a cautela da Polícia ao fazer um trabalho cuidadoso de
investigação e de perícia. Ele aproveita para destacar o trabalho da Polícia
Científica do Paraná, que realizou uma série de análises.
Mânica lembra que houve adulteração da cena do crime (usou o
termo cena montada), o que dificultou o trabalho. Também muitos boatos e
informações contraditórias circularam após o duplo homicídio.
O diretor da Polícia Científica do Paraná, Hemerson
Bertassoni, estará em Paranavaí hoje. Às 11h30 ele deve promover a entrega
oficial do laudo e de outros documentos. Em companhia do delegado Mânica deve
fazer eventuais esclarecimentos para a imprensa.
O CRIME - O casal foi encontrado morto no dia 4 de abril em
um motel localizado na BR-376, perto de uma das entradas de Paranavaí, via
Jardim Morumbi.
No dia do crime os policiais verificaram as imagens externas
das câmeras de segurança e constataram que os dois chegaram ao motel por volta
das 4h10. A pessoa que dirigia a camionete S-10 teve dificuldades para
estacionar. O veículo foi manobrado e chegou a bater duas vezes na parede da
garagem.
Após dias de investigação a polícia conseguiu identificar
que uma terceira pessoa teria entrado na garagem no momento que o veículo era
manobrado.
O laudo da necropsia realizado pelo Instituto Médico Legal
(IML) de Paranavaí concluiu que a jovem morreu em decorrência de uma fratura na
coluna cervical. Já o estudante de Direito morreu de edema agudo do pulmão.
Via - Diário do Noroeste
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