Grupo Congada e Moçambique Vermelho e Branco participou da
atividade, neste sábado (24), e mostrou a milenar tradição dos povos africanos
Quem passou pela 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no
Parque da Água Branca, em São Paulo, neste sábado (24), pôde conferir um pouco
da diversidade cultural do país. Das periferias de Guaratinguetá, no interior
do estado de São Paulo, a apenas 175 km da maior metrópole do Brasil, a
Associação Cultural de Congada e Moçambique Vermelho e Branco veio à capital
mostrar a tradição dos afro-brasileiros.
"Assim como nós temos nossa família - que é o Moçambique
-, aqui também é uma família, que trabalha com produtos naturais. Hoje em dia
nosso mercado precisa disso: produtos naturais, família. É isso que a gente
precisa”, frisa o líder do grupo, Jozimar dos Santos Oliveira, de 32 anos, que
há vinte participa da congada.
Ele falou sobre a elaboração artística do grupo, que tenta
se inovar a cada dia. “Batidas de tambor no rítmo do samba agitam a plateia”,
brinca. Neste sentido, dialogar com a juventude tem sido uma preocupação da
Congada. “Se você colocar o Congado ou o Moçambique de raiz e o Hip Hop, a
juventude não fica com a gente. Por isso a gente tenta inovar”, explica.
O congado é uma dança acompanhada de um cortejo, cavalgadas,
levantamento de mastros e música, que chegou ao país ainda durante o período de
colonização. Os escravos usavam a arte para manter viva a cultura de seu povo
e, até hoje, é na arte que muitos afro-brasileiros encontram um refúgio para
superar as dificuldades. Foi o caso de Jozimar, que durante sua infância tinha
somente uma refeição por dia e resolveu entrar no grupo para ter direito a mais
uma refeiçãono dia.
“Ainda hoje tem criança que entra na dança porque a gente dá
um lanche, uma comida”, conta Jozimar, que apoia essa atitude, “elas entram com
esse interesse, mas depois acabam gostando e ficam, acabam se divertindo e
entram na família”.
Em família
O espírito de família é fácil de ser vivido para Jozimar,
que tem no grupo sua sogra, esposa, filhos, sobrinhos e seu sogro, Oscar José
da Cruz, de 68 anos, que está há 15 anos na congada.
“Eu não me interessava muito no congado não, mas a mulher
quis acompanhar. Fui acompanhando e acompanhando, gostei e acabei entrando”,
disse Oscar. Ele começou como percussionista e hoje faz parte da linha de
frente do grupo que vai para a dança.
Vinícius, de 15 anos, também está na lista daqueles que tem
a família no grupo: avó, mãe, tios e primos participam. Animado, ele explica
gostar de tudo na congada: “Tudo é bom, né? Tem a batida, a dança, eu faço e
gosto de tudo”, conta.
O nome Maria Aparecida é um dos mais comuns no Brasil e os
guaratinguetaenses não ficam para trás. Três senhoras com o mesmo nome
pertencem ao grupo. Por coinciência, duas delas tem a mesma idade, Maria
Aparecida Almeida e Maria Aparecida Maciel tem 69 anos e entraram juntas para o
grupo há 10 anos.
Maria Aparecida da Silva, a terceira do grupo, tem 64 anos e
tem quatro anos de congada. Assim como Oscar, ela conhece a congada há muito
tempo: “Ih... Tem muito tempo!", brinca.
Feira da Reforma Agrária
Com boa recepção do público da Feira e dos Sem Terra do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a congada passeou pela
atividade com sua música e batuque. Fabius Diniozio, violeiro e membro do setor
de Cultura do movimento, foi claro em sua opinião sobre o grupo. “Eles
representam o que há de mais puro na cultura popular!”, disse.
O líder dos 'Vermelho e Branco' esteve feliz com o que viu
na feira. Para ele, o MST é uma família e trás boas coisas para o Brasil. “É
isso que o país precisa, de quem se trata como família, com respeito. E não só
pelas pessoas, mas também com a terra, fazendo comida natural pra todo mundo”,
ponderou.
“As pessoas precisam deixar de serem preconceituosas, o
Brasil não precisa disso. A gente precisa se unir pelo país melhor. O que eu
conheci aqui me encantou, pessoas de bem, que batalham por um mundo melhor.
Aqui é amizade, é uma família", frisou Jozimar, pouco antes de se despedir
da feira.
Via Brasil de Fato
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