quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O mundo muda, por mais que o tentem parar


Por Fernando Brito

O jornal Extra publica hoje  o registro de que as pilotas Chipo Matimba e Elizabeth Petros, que comandaram a aeronave da Air Zimbabwe da cidade de Harare  até as Cataratas Vitória, na fronteira com a Zâmbia se tornaram as primeiras mulheres a comandar um Boeing 737 sem a presença masculina.

Não é verdade, ainda bem, porque aqui no Brasil, em 2012, Joana Bittencourt e Paula Petean fizeram, no Dia Internacional da Mulher, um voo entre São Paulo e Porto Alegre.

Mas é muito bom que tenha tido destaque o voo de Chipo e Elisabeth, porque é um duplo preconceito vencido: mulheres e negras, no comando.

Uma imagem para nos mostrar que é inútil parar o mundo e pretender uma “volta ao passado” que só é ideal na imaginação das elites, porque Joana, Paula, Chipo e Elisabeth serviriam, no máximo, como gentis aeromoças, se quisessem voar.

Porque o mundo caminha, apesar das “verdades” do preconceito, porque os seres humanos são teimosos amantes da liberdade e se um dia sonham, em outro darão asas aos sonhos e voarão.

E sejam brancas ou negras – como a primeira mulher negra a voar, Elizabeth Coleman, cujo brevê internacional, de 1921, que reproduzo na imagem – as mulheres são parte desta humanidade que tentam sempre manter atirada à poeira suja do preconceito.

Quando o mundo quer separar as pessoas por suas religiões, por suas origens, por sua riqueza, por serem ou não parte do “mundo civilizado”, é bom que tenhamos essa imagem.

Pode levar décadas, séculos, até. Temos paciência e teimosia, enquanto pudermos repetir a frase de Coleman: não aceitar um não como resposta ao sonho de voar.

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