sábado, 6 de fevereiro de 2016

Zica Vírus e Microcefalia: Desinformação, medo e esperança

A transmissão do Zica Vírus tornou-se uma questão de preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Afinal, como conter o avanço da doença e evitar uma pandemia? Neste contexto, milhares de grávidas estão preocupadas, pois, o Zica Vírus, é um agente de transmissão da microcefalia nos fetos.


Para piorar o quadro, mulheres estão sendo abandonadas por seus companheiros, quando a notícia de que o bebê do casal possui microcefalia, por consequência, má formação.

Médicos que atuam na condução dos casos de microcefalia, relatam muitas situações de abandono dos pais e mulheres que seguem sozinhas cuidando dos seus bebês, que precisam de uma atenção especial, devido às fortes crises de convulsão que a microcefalia causa.

O que é Microcefalia?

A Microcefalia é uma condição neurológica em que a cabeça e o cérebro da criança é significativamente menor do que a de outras. Um recém-nascido possui a circunferência do crânio de 32 centímetros ou mais, enquanto o que possui microcefalia se encontra abaixo dessa medida. A pessoa que contrai microcefalia pode apresentar crise de epilepsia, deficiência intelectual e alterações de fala e locomoção.

ONU orienta países à liberarem o aborto em casos de microcefalia


Nesta sexta-feira, (5), O comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein convocou os países que estão em epidemia do Zica Vírus à liberarem gravidas com diagnóstico positivo para microcefalia à pratica do aborto "As leis e as políticas que restringem acesso a esses serviços devem ser urgentemente revistas em consonância com os direitos humanos, a fim de garantir na prática o direito à saúde para todos", disse em nota.

Um grupo de juristas e especialistas vão entrar com uma ação no STF para regulamentar o aborto para gestantes portadoras que o feto tenha microcefalia.

Mosquito, há tempos, incomoda o Brasileiro

O Aedes Aegypti é sinônimo de ameaça aos brasileiros desde o início do século 20, pois, o mosquito, era o transmissor da febre amarela. Oswaldo Cruz, sanitarista, foi nomeado pelo presidente da república Rodrigues Alves à combater as epidemias que assolavam o Rio de Janeiro.

O sanitarista então, planejou um intenso plano de combate ao mosquito e conseguiu controlar a epidemia da febre amarela. Mais tarde, durante a era Vargas, o Aedes Aegypti chegou a ser considerado extinto por especialistas em saúde.

Os anos seguintes seguiram sem políticas de prevenção às epidemias causadas pelo Aedes e a consequência disso foi uma nova proliferação do mosquito nos anos 80. Desde então, os números aumentam, mesmo com políticas efetivas do governo federal para erradicar a dengue e com o agravante do Brasil possuir um clima quente e úmido, um paraíso para a sua reprodução. O mosquito então tornou-se mais forte e multifacetado e passou a transmitir além da Dengue, a febre Chikungunya e o Zica Vírus.

O ministério da Saúde divulgou na última terça-feira (2), que foram registrados 404 casos de recém nascidos com microcefalia e 17 casos por contaminação com o zica vírus. 709 casos foram descartados e 3.670 seguem em observação. Os maiores índices de infectados são da região nordeste.

Esperança

Como os casos de microcefalia podem apresentar maior ou menor intensidade dos sintomas, há variadas histórias de portadores de microcefalia que seguem a sua vida sem maiores restrições.

Ana Carolina Dias Cáceres, 24 anos, portadora da microcefalia em um grau mais brando, se formou recentemente em jornalismo e escreveu o livro, “Selfie: minha trajetória de vida”.

O pai, Ermínio Cáceres afirmou que é impossível não lembrar das problemas e dilemas que surgiram logo após o diagnóstico da microcefalia.

"A gente não sabia se ela ia andar, se ela ia falar, se ia ouvir e hoje está aí, como vocês estão vendo, formada em jornalismo. Fez o curso tranquilamente, tudo de bom".

A jornalista, que recentemente escreveu um depoimento no Facebook rechaçando a ação a favor do aborto no STF, diz que reexaminou a questão. A jovem disse que conversou com Debora Diniz, que está à frente da ação e ouviu que é importante dar apoio para as mães que possuem filhos com microcefalia também garantir o direito à escolha para as gestantes.

Heloísa Viscaína, presidenta do Conselho de Neurologia da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro, afirma  que o cuidado com as mães de filho começa ainda na gestação. "A mãe precisa muito de apoio psicológico pois sabemos que ela vai ficar preocupada sobre a saúde global da criança", conclui.

Do Portal Vermelho, Laís Gouveia, com informação de agências

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