quinta-feira, 24 de março de 2016

A QUESTÃO DA CRISE ESTA POSTA

"O Brasil vive um momento de turbulência política, como só visto em períodos históricos que abalaram o país, a exemplo o que precedeu o suicídio de Getúlio Vargas, ou aquele que antecipou a queda do presidente João Goulart, instaurando-se o golpe militar de 1964. A escolha pode variar conforme gosto do leitor."


Texto de *Carlos Adão Oliveira

Assistimos no último dia 13 de março, uma classe média raivosa, incitada por uma mídia corporativista, e um juiz, propagador da “ética e da moral” contra a corrupção, como se essa mesma corrupção em um passe de mágica tivesse surgido agora do nada, quando sabemos que ela é própria de um sistema onde o homem explora outro homem, ela parte desse sistema. Não existe capitalismo sem corrupção.

 Esse grupo então sai as ruas clamando contra a corrupção, e por um salvador da pátria, um novo herói nacional, na eminencia de alguém para moralizar esse país. Se tinham a pouco tempo atrás o candidato escolhido a herói o então ministro do STF, Joaquim Barbosa, que nas ultimas manifestações caiu no esquecimento, agora tem o juiz da chamada “Republica do Paraná”, Sérgio Moro, fato esse que ficou evidente na última passeata organizada por grupos pró impeachment ao governo Dilma.

 Outro fato que chamou atenção nessa manifestação, foi o repudio aos políticos da chamada direita brasileira, os velhos políticos de carreira como o senador Aécio neves e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Esse episódio, demonstra uma característica importante que não pode passar desapercebido: vivemos uma falência do sistema político brasileiro, do modelo que surge no final da ditadura militar, além de presenciarmos a tudo isso, uma falência das instituições nacionais, como o judiciário, o educacional etc. Uma reforma política séria, se é que possível tem que ser posta urgente repensada no quadro atual.

 Quando presidente Lula chega ao poder, fazendo uma conciliação com os velhos políticos de carreira e com sua política econômica de manter o lucros dos capitalistas, era previsível que num momento de grande crise, e com a queda do lucro do grande capital, o preço a pagar seria alto. O governo ao manter o pagamento da dívida pública do país, que nada mais é do que manter o lucro dos grandes capitalistas, agora avança sobre os direitos dos trabalhadores, (reforma tributária, reforma da previdência, leis ante terror, etc.) propostas que vão na contramão da essência de um partido que foi fundado nas grandes greves dos trabalhadores do ABC.

  Apesar dos erros do PT, destituir uma presidenta democraticamente eleita, antes do final de seu mandato, representa uma tragédia sem precedentes ao pais, pois o poder será entregue a velhos políticos sem moral para destituir quem quer que seja, como Temer, Cunha, Aécio e bolsonaros da vida, os quais já fazem planos para suas bases no governo caso Dilma caia. Esses que pedem o impedimento da presidente, chegando ao poder irão apenas acelerar o processo de avanço sobre os direitos dos trabalhadores para beneficiar o lucro dos capitalistas.

 Existe um confronto muito além de um golpe que mídia não mostra. O que está em jogo é a luta entre o capital nacional, agora em baixa, e o capital estrangeiro, o caso da exploração DO PRÉ SAL por empresas petrolíferas americanas fica evidente nesse sentido. Colocar no governo Uma direita com uma política neoliberal, representará a privatização do que resta das empresas estatais para as grandes corporações internacionais. Vale lembrar o caso da Vale do Rio Doce.

A crise não é nacional, desde de 2008 ela se expande por todo o mundo, Inglaterra, França, Alemanha, já sentem ha tempos o peso da crise, nos Estados Unidos não é diferente, a China, considerada a grande fábrica do mundo, está com sua economia em recessão, atingindo assim em cheio os países ditos periféricos como o Brasil, dependente das exportações de matérias primas.

 Com a crise posta, há um avanço de partidos, ou grupos de extrema direita pelo mundo, na Alemanha, coração central da economia europeia, a presença desses partidos é fato, o ódio contra imigrantes está acirrado por grupos extremistas, a Inglaterra e a França não são diferentes.  O avanço de uma extrema direita aparece, também pela América do Sul, contra governos eleitos democraticamente, caso da Bolívia, da Venezuela e do próprio Brasil. Um extremismo de ódio de classe representa, nada mais do que retrocesso social.

*Carlos Adão Oliveira é acadêmico do 4° Ano do curso de História na UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná - Campus de Paranavaí/Pr.

  

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