quinta-feira, 31 de março de 2016

Investigados por corrupção podem assumir o governo

O pedido de impeachment da presidenta não tem nenhuma ligação com a Operação Lava Jato.

Michel Temer e Eduardo Cunha estão na fila da Presidência (Foto: Antônio Cruz/ABr)

Por Fania Rodrigues

Para compreender o momento político que o país vive, primeiro é preciso entender que a presidenta Dilma Rousseff não é acusada de corrupção. Os partidos da oposição tentam derrotar o governo por conta das chamadas “pedaladas fiscais”, que são manobras feitas com o objetivo de “aliviar”, momentaneamente, as contas do governo.

No final do ano de 2014, o governo autorizou o uso de dinheiro de bancos públicos para pagar programas sociais, como Bolsa Família, o abono e seguro-desemprego e os subsídios agrícolas. Os beneficiários receberam em dia porque os bancos usaram recursos próprios no pagamento. Essa estratégia foi adotada nos mandatos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva sem qualquer problema. Governadores de 16 estados usaram a mesma tática para conter as dívidas no ano de 2014.

Se a presidenta Dilma não está envolvida em casos de corrupção, o mesmo não acontece com seus possíveis sucessores. Entre os quatro primeiros nomes de pessoas que podem vir a assumir a Presidências, três são citados na Operação Lava Jato.

Linha de sucessão da Presidência da República em caso de impeachment

1 - Michel Temer (PMDB), vice-presidente

Temer é acusado de participar do esquema de corrupção na Petrobras. Ele foi citado por delatores da Lava Jato e é acusado de receber dinheiro de propina. Além disso, foi Temer, e não Dilma, quem assinou a autorização das medidas que resultaram nas pedaladas fiscais.

2 - Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara

Contra Cunha pesam denúncias de receber dinheiro desviado da Petrobras e manter milhões de dólares em contas secretas na Suíça e em outros paraísos fiscais. O deputado, que conduz o processo de impeachment, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
3 - Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado

Renan também foi citado por delatores, investigados na Lava Jato, acusado de ser beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras. Ele é citado em nove inquéritos no STF.

4 - Ricardo Lewandowski, presidente do STF

Contra o presidente do Supremo não há nenhuma denúncia, nem nada que coloque dúvidas sobre sua conduta.

Como funciona o processo de impeachment?

A Câmara dos Deputados formou uma comissão de 65 deputados federais que vai julgar se cabe ou não um pedido de impeachment. Caso seja aprovado, o pedido será encaminhado ao plenário da Câmara, onde será votado. Nessa comissão do impeachment, pelo menos 37 (a maioria) são investigados em casos de corrupção.

Para dar início ao pedido de impeachment é preciso que dois terços dos 513 deputados votem contra a presidente, ou seja, 342 votos.

Se aprovada na Câmara, a denúncia segue para o Senado, que é quem conduz o julgamento e vai definir se a presidente é culpada ou inocente.

Agenda Brasil quer desmontar o país

Alinhado com setores empresariais, o PMDB apresentou uma série de propostas reunidas na chamada “Agenda Brasil”. Essas medidas visam beneficiar diretamente os empresários, a classe média alta, grandes fazendeiros, estrangeiros, entre outros.

A Agenda Brasil defende a ampliação da terceirização em empresas públicas e privadas, o que poderia prejudicar os direitos trabalhistas. Também quer mudanças na lei de demarcação de terras indígenas, com o objetivo de facilitar a expansão do agronegócio. O conjunto dessas medidas pode provocar retrocessos nos direitos conquistados nos últimos anos. Esse é o plano que partidos como o PMDB e PSDB pretendem implantar caso a presidente Dilma sofra o impeachment.



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