sábado, 12 de março de 2016

O dia que nunca aconteceu versus o dia que nunca vai acabar


Por Arkx

O dia que nunca aconteceu versus o dia que nunca vai acabar

Ref. ao post A aura trincada do Ministério Público

1. Quando a Ditadura compreendeu que havia perdido o controle sobre seus porões, Golbery concebeu uma distensão lenta, gradual e segura. Sua estratégia foi tão bem sucedida que até hoje a Ditadura perdura. Ao aparelho de repressão continua intacto, pronto a ser reativado. Estruturas altamente hierarquizadas, quando frente ao vácuo do poder central, tendem a se esfacelar numa luta de grupos agindo autonomamente. A Dilma que venceu as eleições de 2014 ainda não tomou posse. É uma Presidente ausente deixando que se execute o programa derrotado nas urnas. Enquanto a Esquerda se retrai, os golpistas estão em toda a parte, como uma horda de zumbis avançando para devorar o mundo dos vivos.

2. Subitamente a crise política é retirada do primeiro plano e a grande mídia se rende à intrusão da crise climática. São Paulo, a eterna capital do golpismo e a grande Babilônia brasileira, exibe seus horrores: uma cidade inviável, a inabitável obra máxima dos oligarcas brasileiros. Os semi deuses em sua suprema arrogância e ignorância se julgam capazes de manipular a História e o meio ambiente. Mas crise climática também já cruzou o ponto de não retorno, tornando-se um agente político.

3. Vivemos a rarefação da liderança nacional. Não é apenas Dilma a inerte e inócua. Já não temos mais grandes lideranças capazes de galvanizar os movimentos sociais. Os intelectuais emudeceram. Os setores à Esquerda ainda não consolidaram representantes à altura dos desafios da crise. Enquanto Jean Wyllys e Guilherme Boulos avançam, Marcelo Freixo se mantém em eclipse. Por outro lado, nos diversos setores em movimento, brotam inúmeras pessoas com enorme capacidade de liderança.

4. O projeto golpista em curso é extremamente claro em seus objetivos: entrega do pré-sal, privatizações, submissa do Brasil as mega corporações transnacionais através do TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), reforma da previdência, flexibilização das leis trabalhistas, desmonte da rede de proteção social estabelecida com a Constituição de 1988. Como sempre, os golpistas tem um claro projeto que não se envergonham de desfraldar.

E nós? o que defendemos? o que implica na prática, através de pontos específicos e objetivos, a Defesa da Democracia?

5. Neste sábado (12/03/2016), estamos todos nós no tempo histórico suspenso entre o dia que nunca vai acabar e o dia que nunca aconteceu. Seja como for, nada será como antes amanhã.

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