Publicação conservadora britânica diz que possível governo
Temer pode não conseguir apoio necessário para fazer mudanças econômicas e
ressalta risco de a democracia não reagir bem sem Dilma.
A revista britânica The Economist voltou a falar sobre a
crise política no Brasil e o processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff neste sábado (23/04). Conhecida por seu caráter liberal, a publicação
criticou a condução econômica petista, mas ponderou que um possível governo de
Michel Temer não é garantia de que o país voltará a crescer.
Intitulado “A hora mais Escura: A economia está em queda
livre. A presidente está pronta para ser impedida. A democracia brasileira vive
o momento mais difícil desde o fim da ditadura”, o longo texto narra como foi a
votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados e que o
processo foi encarado como um jogo de futebol, se referindo à forte torcida,
com bandeiras e até vuvuzelas no momento da votação.
De acordo com a revista, Temer teria, em caso de um possível
governo, uma tarefa "herculana" de recuperação da economia. O texto
ressalta que ele pode não ter o apoio necessário para fazer reformas
econômicas, sobretudo as que impliquem mudanças constitucionais, já que não é
assegurado que ele conseguirá maioria para governar, uma vez que seu próprio
partido, o PMDB, está rachado.
“Austeridade dificilmente venceria o voto nas eleições de
outubro. Isso é especialmente importante no PMDB, que é mais uma coalizão de
chefes regionais do que um grupo político com ideias próprias de como governar
um país”, diz o texto editorializado escrito de Brasília.
A questão da corrupção envolvendo o PMDB também é retratada
com os diversos integrantes do partido tendo sido citados nos casos da Lava
Jato, por exemplo.
Dilma
A revista pontua que, ao contrário do ex-presidente Fernando
Collor, afastado durante um processo de impeachment em 1992, “que não tinha
apoio político, Dilma mantém alguns. E o um terço dos brasileiros que se opõe
ao impeachment vê o vice-presidente como um usurpador”. Para a publicação,
existe um temor de que, caso o afastamento de Dilma se confirme, Temer poderia
ficar “vulnerável ao descontentamento”, o que colocaria o Brasil diante do
risco de “mais crise e declínio”.
Apesar de ressaltar o que considera serem erros da gestão
Dilma, o texto observa que isso não quer dizer que “a democracia funcione bem
sem ela” e destaca ainda a luta da mandatária contra a corrupção, uma vez que,
apesar das críticas de muitos de seus partidários à Operação Lava-Jato, ela
nada vez para obstruir as investigações.
O texto conclui ressaltando as ações positivas dos 13 anos
do governo do PT à frente da presidência, como a ascensão da classe média e a
retirada de milhões de pessoas da linha da pobreza, e diz que todo o processo
de “colapso moral do partido” está “transformando os brasileiros em cidadãos”,
em menção ao aumento da participação em protestos e discussões políticas em
todo o país.
Via – Opera Mundi
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