segunda-feira, 25 de abril de 2016

Os 28 golpistas na planilha da Odebrecht

No show de horrores da aprovação do impeachment de Dilma, o cinismo ficou estampado na cara de vários deputados. Eles falaram pela família, por Deus e contra a corrupção numa encenação grotesca para esconder os seus podres. 

Por Altamiro Borges 
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Aos poucos, porém, fica patente a farsa destes moralistas sem moral. O Jornal do Brasil divulgou neste sábado (23) um balanço revelador: "Dos 367 deputados que votaram no último domingo (17) pela admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, na Câmara dos Deputados, 28 deles compõem as planilhas da Odebrecht apreendidas na 26ª fase da Operação Lava Jato". Vale conferir e gravar os nomes destes "nobres" e "éticos" parlamentares:

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1- Afonso Hamm (PP-RS);

2- Arthur Maia (PPS-BA);

3- Arthur Virgilio (PSDB-AM);

4- Beto Mansur (PRB-SP);

5- Bruno Araújo (PSDB-PE);

6- Celso Russomano (PRB-SP);

7- Daniel Coelho (PSDB-PE);

8- Duarte Nogueira (PSDB-SP);

9- Eduardo Cunha (PMDB-RJ);

10- Giovani Cherini (PDT-RS);

11- Heráclito Fortes (PSB-PI);

12- Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE);

13- José Carlos Aleluia (DEM-BA);

14- José Otávio Germano (PP-RS);

15- Julio Lopes (PP-RJ);

16- Jutahy Magalhães (PSDB-BA);

17- Luciano Ducci (PSB-PR);

18- Luiz Fernando Faria (PP-MG);

19- Mendonça Filho (DEM-PE);

20- Nelson Marchezan Filho (PSDB-RS);

21- Osmar Terra (PMDB-MG);

22- Otavio Leite (PSDB-RJ);

23- Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG);

24- Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP);

25 Renato Molling (PP-RS);

26- Rogério Marinho (PSDB-RN);

27- Rodrigo Maia (DEM-RJ);

28- Sergio Sveiter (PMDB-RJ).

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Ao todo, a corrosiva "lista da Odebrecht" trouxe os nomes de 36 deputados federais. Destes, 28 falsos moralistas votaram pelo impeachment (78%), um se ausentou da sessão e seis rejeitaram o "golpe dos corruptos". As planilhas também incluem vários governadores - como Geraldo Alckmin (PSDB-SP) -, prefeitos e ministros - totalizando mais de 316 políticos. Quando a lista veio a público, em março, o clima foi de desespero. Alguns analistas afirmaram que ela desmoralizaria a votação do impeachment de Dilma. De imediato, a mídia golpista tratou de abafar o escândalo e o juiz Sergio Moro "arquivou" as apurações e mandou libertar nove investigados, em mais um gesto suspeitíssimo do "justiceiro".

Agora, porém, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de procedimento para uma apuração preliminar sobre a lista. "A Procuradoria-Geral da República ainda analisará o caso para decidir se pede ou não a abertura de inquéritos contra políticos que figuram nas planilhas. Por enquanto, ainda não é possível afirmar se elas tratam de doações legais de campanha ou caixa 2", descreve a reportagem do Jornal do Brasil. O correntista suíço Eduardo Cunha, o chefão do golpe, já admitiu que pediu pessoalmente grana para a empreiteira, mas jura que foi dentro da lei. "Eu só recebo doação de caixa um", afirmou o frio e cínico golpista.

Aécio Neves e o "caranguejo"

As planilhas foram apreendidas pela Polícia Federal em fevereiro na casa de Benedicto Barbosa Silva Junior, ex-executivo da Odebrecht. Elas exibiram possíveis repasses de recursos para 316 políticos de 24 partidos, que teriam sido feitos para as eleições de 2012 e 2014. O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, foi o primeiro a ter acesso às planilhas em mais um caso sinistro. Em matéria postada em 23 de março, ele citou o nome do presidente do PSDB e de outros lideres do impeachment de Dilma:

"Expoente da oposição, o senador tucano Aécio é mencionado em planilha de pagamentos da eleição de 2010. Ele aparece como beneficiário de um repasse de R$ 120 mil da empreiteira. O senador José Serra (PSDB-SP) também aparece... Adversário do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é chamado de 'caranguejo' ao lado de anotação que indica o pagamento de '500', sem maior especificação", descreveu o repórter, que ainda fez questão de enfatizar os nomes de Paulinho da Força (SDD-SP), integrante da tropa de choque do correntista suíço, e do demo Agripino Maia.

A revelação dos nomes de vários políticos golpistas parece que esfriou o interesse da mídia e o tema simplesmente saiu da pauta. O juiz Sergio Moro, sempre tão implacável na sua caçada ao PT, também optou por abafar o caso. Ele decretou, "com urgência", o sigilo dos autos que continham as planilhas da Odebrecht. O justiceiro ainda mandou soltar os nove investigados - entre doleiros e executivos da empreiteira - presos na chamada Operação Xepa, da Lava-Jato. O escândalo sumiu da mídia e os 28 deputados federais que constavam da lista da Odebrecht puderam votar tranquilamente na deposição de Dilma. Muitos deles discursaram em defesa da família, de Deus e da ética! Haja cinismo!   

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